Acidente aéreo nos EUA: helicópteros voando ao longo de rio representam perigo para aviões no pouso
Em uma semana, dois pousos arremeteram no Nacional Reagan, em Washington, para evitar colisões
24 horas da colisão entre um helicóptero e um avião no Aeroporto Nacional Reagan, em Washington, nos EUA, uma outra aeronave tinha alertado que precisaria abordar a manobra de pouso. Segundo o período americano Washington Post, o jato arremeteu por risco iminente de colisão com um helicóptero.
Uma situação semelhante ocorreu menos de uma semana antes, em 23 de janeiro, quando um voo vindo de Charlotte abortou sua aproximação ao aeroporto. O capitão informou aos passageiros que estava monitorando um helicóptero e precisaria interromper o pouso.
"Eles tiveram que dar a volta porque havia um helicóptero na rota de voo", lembrou Richard Hart, um passageiro retornando de uma viagem de negócios. "Na hora achei estranho... Agora acho tragicamente preocupante."
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Os dois pousos abortados no período de uma semana ilustram o perigo crescente representado pelos frequentes voos de helicópteros militares próximos ao local, que há anos têm sido motivo de quase colisões e preocupações com acidentes.
O helicóptero Black Hawk do Exército dos EUA que colidiu com um jato regional da American Airlines na noite de quarta-feira, matando 64 pessoas, além dos três tripulantes militares a bordo, estava voando ao longo da margem leste do rio Potomac em um corredor de voo designado para helicópteros de baixa altitude.
A rota estreita destinada a helicópteros mantém essas aeronaves afastadas das trajetórias dos aviões comerciais na maior parte do espaço aéreo do aeroporto, mas se cruza com o caminho utilizado por aeronaves na aproximação sudeste para a Pista 33. Foi nesse trecho que o voo 5342 da American Eagle, vindo de Wichita, tentava pousar na quarta-feira, segundo o Washington Post.
Devido à frequência de treinamentos militares e outros voos na região, a Administração Federal de Aviação (FAA) designou um controlador de tráfego aéreo exclusivo para helicópteros na torre do Aeroporto Nacional, visando minimizar riscos.
No entanto, no momento do acidente, nenhum controlador estava dedicado exclusivamente ao gerenciamento de helicópteros, de acordo com um relatório de segurança aérea citado pelo Washington Post. Por volta das 20h50, quando ocorreu a colisão, um único controlador era responsável tanto pelo tráfego de helicópteros quanto por outras operações aéreas, conforme relatado por uma fonte sob anonimato devido à investigação em andamento.
Jim Brauchle, veterano da Força Aérea e advogado especializado em acidentes aéreos na firma Motley Rice, analisou mapas da área e destacou que aviões que se aproximam da Pista 33 voam para o norte pelo lado leste do rio Potomac antes de inclinar à esquerda na descida.
"A rota dos helicópteros passa exatamente abaixo da abordagem final", observou. "Isso me surpreendeu." Mesmo que os pilotos de aviões e helicópteros sigam os procedimentos corretamente, segundo ele, a separação entre as aeronaves pode ser de apenas algumas centenas de pés. "Por que essas rotas estão tão próximas?"
Os investigadores ainda trabalham para entender as causas da colisão, que gerou uma bola de fogo e espalhou destroços no gelado rio Potomac. Após buscas ao longo da noite, as autoridades informaram na manhã de quinta-feira que não esperavam encontrar sobreviventes.
O acidente pode ser o mais grave na região de Washington desde a tragédia do voo 90 da Air Florida, que atingiu a Ponte da Rua 14 logo após decolar do Aeroporto Nacional, em 13 de janeiro de 1982. Na ocasião, 74 dos 79 passageiros e tripulantes morreram, além de quatro motoristas que estavam na ponte. Investigadores apontaram que a causa foi uma combinação de erro do piloto e procedimentos inadequados de degelo em meio a uma nevasca e temperaturas congelantes.
O secretário de Transportes, Sean P. Duffy, afirmou na manhã de quinta-feira que, após a análise da FAA sobre o ocorrido, "tomaremos as medidas apropriadas, se necessário, para modificar rotas de voo e permissões."