Rio de Janeiro

Acidente em escada rolante do metrô no Rio causa correria e deixa feridos

Devido à grande concentração de pessoas, a saída da escada rolante ficou bloqueada, fazendo com que muitas caíssem umas sobre as outras

Acidente na estação Estácio de metrô, no Rio de JaneiroAcidente na estação Estácio de metrô, no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução

Um acidente em uma das escadas rolantes aconteceu na estação Estácio do metrô na manhã desta sexta-feira (20). Em publicações de passageiros que estão no local, é possível ver as plataformas de embarque cheias. Segundo relatos de quem presenciou as cenas, houve confusão e correria com o acidente, que teria sido provocado por excesso de passageiros na plataforma.

Devido à grande concentração de pessoas, a saída da escada rolante ficou bloqueada, fazendo com que muitas caíssem umas sobre as outras.

IMAGENS FORTES:

O Corpo de Bombeiros foi acionado e enviou ambulâncias para a estação. Segundo a Secretaria municipal de Saúde (SMS) do Rio, 16 feridos foram levados para três hospitais da rede. Os bombeiros ainda não confirmaram o número de atendimentos.

A escada rolante faz a ligação com a plataforma de embarque. Alguns descreveram a cena como "assustadora" e disseram que muitas pessoas estavam machucadas no local. Ao menos seis ambulâncias dos bombeiros foram para a estação e algumas levaram mais de um ferido.

Inicialmente, logo após o acidente, o MetrôRio, concessionária que administra o modal, divulgou uma nota em que dizia que "houve uma falha em equipamento de mobilidade". No fim da manhã, a concessionária afirmou, também por meio de comunicado, que o equipamento foi "minuciosamente inspecionado e que não houve falhas no seu funcionamento".

O texto prossegue e diz que "até o momento, a informação é de que passageiros tentaram usar a escada rolante de subida para descer". Quem estava na estação contou que as pessoas tentaram descer porque ao chegar no fim da escada rolante, devido ao intenso fluxo e aglomeração, não era possível acessar a plataforma, o que deu início à confusão.

Uma das passageiras que ficou ferida no momento do acidente foi a empregada doméstica Patrícia Cajazeira dos Santos. Ela conta que sempre nos fins de semana e feriados a estação fica muito cheia por ser o ponto de transferência entre as linhas 1 e 2.

Segundo Patrícia, ela estava na escada que subia, mas, devido à aglomeração ao final do equipamento, não era possível sair dos degraus. Com isso, as pessoas tentaram voltar, descendo no sentido contrário, o que ocasionou o tumulto e queda de algumas nos degraus. A passageira conta que não havia funcionário no local para controlar o fluxo de acesso ou parar o funcionamento do equipamento.

É muita gente. Quando chega na escada rolante lá em cima não tem um segurança para tirar as pessoas que ficam ali, para dar um alerta ou ajudar. Sempre fica esse congestionamento. Há três semanas eu comentei com minha patroa que ia acabar acontecendo um acidente na Estácio justamente por isso, só que eu não imaginei que seria comigo. Foi o que aconteceu hoje. O povo subindo, congestionou lá em cima e voltaram desesperados. Começou a gritaria, o tumulto. Eu continuei parada. Estavam empurrando, eu caí, de cabeça para baixo, a escada foi descendo e eu descendo, sem conseguir me movimentar, sem conseguir levantar e as pessoas passando por cima de mim.

Patricia foi levada para o Hospital municipal Souza Aguiar e conta que machucou um dos dedos, um joelho, um braço, um tornozelo e a lombar.

O quartel central dos bombeiros foi acionado às 8h30 para dar suporte ao atendimento. Nos relatos de quem está no local, não havia seguranças para organizar ou orientar os passageiros no momento do acidente. Fotos e vídeos mostram as plataformas lotadas.

Nesta sexta-feira, feriado pela celebração do Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade, o serviço de troca de composição para as linhas 1 e 2 funciona na estação Estácio. A Concessionária informa que não houve interrupção da circulação de trens.

Confusão e correria
A jovem aprendiz Kelly Gomes, de 22 anos, mora em Belford Roxo e trabalha em Botafogo. Devido ao feriado, precisou desembarcar do metrô da Linha 2, que sai da Pavuna, na estação Estácio, onde a transferência é obrigatória fora dos dias úteis.

Aqui é sempre muito cheio, mas hoje a plataforma estava com mais gente do que o normal relata, sentada numa cadeira de rodas enquanto aguarda uma ambulância levá-la para um hospital.

Quando eu saí do metrô, começaram a gritar para correr porque estava dando tiro. Foi quando começou a confusão, saí correndo. Vi gente que quebrou a perna. Eu não estava conseguindo respirar, tô com uma dor de cabeça muito forte. Não consigo levantar, tô com medo de desmaiar.

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A solução de Kelly, em meio ao desespero, foi ligar para a mãe, que mora em Cascadura e se deslocou rapidamente para o Estácio.

Ela teve uma crise nervosa, não se feriu, mas está se sentindo muito mal conta a diarista Carla Rosana Gomes, mãe de Kelly.

Às 10h, o Acesso B da estação está com a entrada fechada para embarque de passageiros, já que o local é onde as ambulâncias foram posicionadas.

Neste horário, apenas uma ambulância estava posicionada, ao contrário do início do resgate, quando ao menos cinco viaturas faziam o serviço. Próximo às catracas de entrada e saída, funcionários do metrô, policiais e bombeiros estão reunidos ao lado de cadeiras de rodas que ajudaram a socorrer os feridos.

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Feridos em confusão
A todo momento, mais pessoas feridas eram levadas para as ambulâncias. Às 10h03, Maria da Conceição de Oliveira, de 65 anos, que estava com um curativo na cabeça, foi carregada de cadeira de rodas pelos bombeiros. Ela também tem marcas de arranhão nos braços e sangue na roupa.

O que me disseram é que, por excesso de passageiros na plataforma, as pessoas acabaram se aglomerando no final da escada rolante. Aí foi um caindo por cima do outro. Minha mãe foi pisoteada, a cabeça foi rolando na escada. Ela está cheia de escoriações pelo corpo, incluindo um machucado no lado esquerdo do rosto conta Anderson de Oliveira, filho de Maria, que respirou aliviado ao ver a mãe entrar na ambulância "assistida e bem", conforme explicou.

Minha mãe estava indo para um passeio com um grupo de idosas, eu mesmo a deixei na estação de Irajá. Depois, uma amiga dela me ligou e falou do acidente. Não sei quantas eram ao todo, mas ao menos cinco senhoras que estavam com a minha mãe também se machucaram.

Mudança de sentido da escada
Segundo a advogada Fabiane Gonçalves, que estava na estação Estácio, a escada estava no sentido de subida, parou e então começou a descer. A mãe da advogada, Maria Gonçalves, de 70 anos; a tia Maria de Fátima Barreto, de 72, e uma amiga estão entre os feridos e participavam da excursão.

Fabiane classificou como uma "cena de terror" o episódio.

Sou advogada e pretendo entrar com uma ação contra o metrô. O que aconteceu foi que a escada rolante parou e começou a rodar na direção contrária.

Segundo Fabiane, Maria de Fátima terá que fazer uma cirurgia após quebrar a perna no acidente.

Por meio de nota, após questionamento sobre a alteração, o "MetrôRio esclarece que não houve mudança de sentido na escada rolante. Como medida de segurança, a escada rolante para automaticamente".

Busca por informações de feridos
No fim da manhã, familiares se deslocaram para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, para saber notícias dos familiares.

Ana Lúcia Nascimento é de São João de Meriti e recebeu uma ligação da irmã, que estava na estação Estácio no início da manhã, reclamando de dores.

Como ela não tinha fratura exposta, colocaram minha irmã dentro de uma composição do metrô. Ela me ligou dizendo que não conseguia nem levantar, falei para ela pedir ajuda para sair do vagão e ela desembarcou na Carioca relata Ana, irmã de Isabel Cristina Nascimento, que trabalha na Zona Sul.

Ainda nervosa pelo acidente, ela conta que utiliza o metrô para ir ao trabalho, em Botafogo, e que é rotineira a lotação da plataforma:

Pisaram na minha irmã, que, você imagine, estava com bolsas indo para o trabalho. Ela caiu e pisotearam ela. Essa baldeação no Estácio é sempre um inferno, muito tumulto.

Já Driele dos Santos reclama que faltou assistência por parte da concessionária:

Minha sogra, Maria José da Silva, de 72 anos, me ligou às 8h, falando que sofreu um acidente no metrô. Pensei que ela pudesse ter se desequilibrado, pela idade, mas não. Só tive dimensão ao chegar no Souza Aguiar. Ela mesma me ligou e falou que estava aqui, chorando muito. Mas ninguém do metrô me informou nada, soube pela minha própria sogra.

Uma funcionária do MetrôRio estava posicionada na porta da emergência da unidade e informou que seis acidentados foram encaminhados para o local. Segundo ela, todos realizam exames e o caso mais grave foi de uma paciente que quebrou o tornozelo.

Por meio de nota, a SMS informou que 16 vítimas do acidente na estação de metrô do Estácio deram entrada na rede. O Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, recebeu cinco pessoas e o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, outras quatro. Todas têm quadro de saúde estável. Já o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, entre as sete vítimas que deram entrada, cinco foram liberadas e duas têm quadro de saúde estável.

Até o momento, a concessionária não falou sobre a falta de funcionários para organizar o fluxo de passageiros para embarque e desembarque. Leia a nota do MetrôRio, divulgada no fim da manhã, na íntegra sobre o acidente:

Sobre o ocorrido nesta manhã na estação Estácio, o MetrôRio esclarece que o aparelho de mobilidade foi minuciosamente inspecionado e que não houve falhas no seu funcionamento, diferentemente do que foi divulgado mais cedo. Até o momento, a informação é de que passageiros tentaram usar a escada rolante de subida para descer, o que provocou tumulto e quedas. A equipe da concessionária, assim como o Corpo de Bombeiros e o SAMU, prestaram todo o atendimento e suporte aos clientes.

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