Ações conjuntas investem na reconstituição de áreas de vegetação destruídas na Amazônia
Gigantes da tecnologia, como Google e Microsoft, participam de projetos estratégicos para tentar recuperar vegetação destruída na região amazônica
De todas as tecnologias disponíveis para sequestro de carbono, o plantio de árvores é o mais efetivo na natureza. Apesar de incipiente, a agenda da restauração ganha tração na Amazônia em meio a ações de ONGs, empresas privadas e de políticas públicas. Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente encerrou consulta pública da nova versão do Plano Nacional de Vegetação Nativa, principal política de fomento à restauração.
Diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello destaca que a realidade ambiental, no Brasil e no mundo, se alterou nas últimas décadas.
— A grande agenda dos primeiros governos Lula e o de Dilma era a redução do desmatamento. Hoje isso não é mais suficiente. Tem que continuar enfrentando o crime ambiental, mas é necessário ir além, para reconstruir a floresta.
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Sob a alçada do BNDES Florestas, o banco trabalha em seis projetos estratégicos. O mais ambicioso é o Arco da Restauração, que em sua primeira fase prevê reflorestamento de seis milhões de hectares até 2030. Para isso, serão usados R$ 450 milhões do Fundo Amazônia e R$ 550 milhões do orçamento de florestas do Fundo Clima.
A segunda etapa prevê investimentos de até R$ 153 bilhões para restaurar 18 milhões de hectares até 2050.
Secretário executivo da Aliança pela Restauração da Amazônia e representante da The Nature Conservancy (TNC) no Brasil, Rodrigo Freire diz que a Amazônia representa a melhor oportunidade de associar reflorestamento a cadeias economicamente sustentáveis.
— Tem demanda, investimento chegando. Esse é o momento de estruturar de forma inteligente.
As big techs estão adquirindo créditos de carbono baseados no reflorestamento da Amazônia e do Cerrado. Além de ser uma das ferramentas utilizadas para atingirem metas climáticas corporativas, Google (Alphabet), Microsoft e Meta contribuem para restauração de biomas relevantes.
De forma geral, as plataformas embarcaram na tendência da inteligência artificial, que exige servidores capazes de processar grandes quantidades de dados.
— Para alavancar os negócios com IA, a pegada energética aumentou. Um dos caminhos é neutralizar as emissões de CO2 — destaca Caio Franco, head de políticas públicas da Mombak, startup especializada na remoção de carbono por meio do reflorestamento na Amazônia.
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Em setembro, o Google fechou acordo para a compra de 50 mil créditos de carbono até 2030. A Microsoft também assinou um contrato para entrega de 1,5 milhão de créditos de carbono até 2032 (cada unidade representa a remoção de uma tonelada de dióxido de carbono da atmosfera).
— É importante investirmos em projetos escaláveis e de alta qualidade, capazes de trazer benefícios ambientais e sociais — diz Brian Marrs, diretor de energia e remoção de carbono da Microsoft.