Acusação está confiante na condenação de PMs acusados de participação na morte de jovem há dez anos
Com pausa de 30 minutos e duas testemunhas ouvidas até agora, expectativa é de que sessão acabe à noite
O júri popular do caso Marcos Laurindo entrou em pausa para almoço por volta das 13h20 e voltou às 14h desta terça-feira (20), no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, no Centro do Recife.
Até o momento, duas testemunhas foram ouvidas. Elas têm ligação com o bar que a vítima esteve antes de morrer. O julgamento começou às 10h e é presidido pela juíza Maria Segunda Gomes de Lima.
A promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Dalva Cabral acredita que a sessão deve se estender pela noite e está confiante na condenação dos policiais militares Diogo Pereira de Barros, réu por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe por impor medo com uso de truculência, e não ter dado chance de defesa à vítima); e Paulo Sérgio Reis da Silva, por falso testemunho na fase de investigação com o objetivo de proteger o parceiro de farda.
“As duas testemunhas ouvidas até agora ratificam, nos depoimentos, as provas. A gente acredita, sobretudo, no sentimento de justiça da sociedade. Com certeza, vai ser feita a condenação dos acusados”, asseverou ela.
“A principal prova do processo são as testemunhas presenciais, houve recognição do crime, própria confissão do Diogo, dizendo que foi ele quem atirou, e o momento em que a vítima foi atingida dentro de casa, na frente dos pais e de uma criança de dois anos. Diogo narra essa história para o Paulo, que é condescendente com o colega de farda”, complementa.
O advogado Wagner Martins, que atua na defesa de Paulo Sérgio Reis da Silva, não vê motivos para a extensão do julgamento e acredita ter argumentos e provas suficiente para que o cliente seja absolvido.
“Eu não sei explicar porque o Ministério Público ainda insiste em manter o Paulo no banco dos réus. Devem querer aqui figurar uma inversão de valores. Meu cliente é investigado desde o primeiro dia. Um investigado não pode vir a um julgamento por falso testemunho, e que falso testemunho é esse?”, questiona.
“Qual foi a fraude processual o Paulo cometeu? Existe força para trazer um inocente ao banco dos réus, no intuito de dar à sociedade uma inversão de valores. Paulo continua na ativa [atuando na profissão de PM] obrigado. Já era para ele ter se aposentado. Já se passaram 30 anos do serviço do tempo ordinário e ele está forçado por esse processo, por esse martírio, a trabalhar mais cinco anos”, concluiu.
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Relembre o caso
Marcos Laurindo, de 21 anos, foi morto em 2013, dentro de casa, na frente dos pais e uma criança de dois anos, pelo PM Diogo Pereira de Barros, às 23h do dia 16 de maio de 2013.
Naquela noite, os pais viram o filho entrar em casa correndo, assustado, sendo perseguido pelo agente com a arma em punho. A mãe tentou segurar a mão do policial pedindo para que não atirasse em seu filho que implorava pela vida, mas foi empurrada. Viu e ouviu os disparos acertarem Marcos. A parede e o sofá da casa ficaram com as marcas dos disparos. O pai ainda brigou para, pelo menos, ir junto da viatura que levou o seu filho, acompanhando-o já sem vida até o hospital.
Diogo foi excluído da corporação, após responder um processo disciplinar na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Ele já havia respondido a outro processo de homicídio.
Já Paulo Sérgio da Silva foi punido com 30 dias de prisão administrativa por “tentar acobertar o supracitado crime, corroborando com a falsa existência de arma de fogo”, mas permanece na corporação até hoje.
Ambos responderam o processo em liberdade, pois o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público foi negado pela Justiça, em 2014.