ARGENTINA

Acusado de agredir a ex-mulher, Alberto Fernández é alvo de busca e apreensão na Argentina

Imagens foram divulgadas como parte das provas de acusação de Fabiola Yañez contra o ex-presidente argentino

Alberto Fernández Alberto Fernández  - Foto: Juan Mabromata/AFP

A Justiça realizou nessa sexta-feira (9) à noite uma operação de busca e apreensão no apartamento de Alberto Fernández e confiscou seu telefone celular no âmbito da investigação por violência de gênero após a denúncia de Fabiola Yañez.

O motivo da medida foi verificar se o ex-presidente continuou "assediando" sua ex-parceira após ser notificado de que não deveria ter contato com ela.

O procedimento, ordenado pelos promotores Carlos Rívolo e Ramiro González, foi realizado na torre de Puerto Madero onde reside o ex-presidente, segundo confirmaram fontes judiciais ao La Nacion.

Lá, no 12º andar do edifício River View, Fernández permaneceu novamente nesta sexta-feira durante todo o dia, acompanhado por alguns poucos amigos e familiares.

Mais cedo, a Justiça havia decretado o sigilo do processo no caso das supostas agressões sofridas pela ex-primeira-dama, enquanto ordenava a realização de medidas de prova sigilosas que, finalmente, foram confirmadas nas últimas horas da sexta-feira e consistiam principalmente na operação de busca e apreensão que um grupo de policiais federais executou naquela noite.

Os promotores González e Rívolo indicaram, no pedido oficial de busca e apreensão no apartamento de Fernández, que precisavam "comprovar se o assédio continuou após ele ter sido notificado" de que não deveria ter contato com Yañez.

A ex-primeira-dama havia denunciado que era submetida a "terrorismo psicológico" por parte do ex-presidente.

O telefone celular de Alberto Fernández tem sido, há alguns dias, motivo de fortes especulações políticas e judiciais, já que, até o momento, as conversas do escândalo foram conhecidas por mensagens de sua ex-secretária particular María Cantero e por capturas de tela da própria Yañez.

No entanto, a Justiça agora busca esclarecer o conteúdo do dispositivo do ex-presidente.

Fernández estava no apartamento, acompanhado por seu meio-irmão Pablo Galindez e algumas poucas pessoas, enquanto os agentes policiais realizavam o procedimento.

Mais cedo, o ex-presidente havia designado a advogada Silvina Carreira, uma especialista em direito de família, para defendê-lo no recém-iniciado processo.

O processo foi transferido hoje para o juiz federal Julián Ercolini, mas em outro tribunal, e mudou o promotor, que a partir de segunda-feira será Ramiro González. Por sua vez, o promotor Carlos Rívolo, que atuava até agora, continuará a atuar no caso de forma conjunta, em função do princípio de unidade do ministério público.

O caso de violência de gênero contra Yañez é um desdobramento do caso de fraude pela contratação de seguros do Estado. Era um incidente do mesmo processo, pois as fotos das agressões foram encontradas nas conversas de Cantero, investigada por conseguir negócios para seu marido, o corretor Héctor Martínez Sosa.

Mas, como o caso das agressões é um fato diferente da fraude dos seguros, o promotor Rívolo pediu ao juiz Ercolini que sorteasse o processo de violência de gênero, para evitar possíveis nulidades, já que, do contrário, alguém poderia dizer que ele quis reter o processo para si em uma manobra conhecida como forum shopping.

O sorteio foi realizado nesta sexta-feira de manhã na Câmara Federal por meio de um sistema informático que distribui os casos. Os tribunais entre os quais o caso foi sorteado foram os numerados de 6 a 11. O sistema determinou que o caso ficasse no tribunal nº 10, que é o natural de Ercolini, enquanto o promotor de plantão nesse tribunal é Ramiro González.

Dessa forma, agora os dois fatos investigados, a corrupção com os seguros e a violência de gênero, tramitam como processos separados, mas ficam com o mesmo juiz. Intervêm a Unidade Fiscal Especializada em Violência contra as Mulheres (UFEM) e a Direção Geral de Acompanhamento, Orientação e Proteção às Vítimas (DOVIC).

Agora o promotor González aguarda o momento oportuno para ouvir o relato de Yañez, para que ela faça uma descrição detalhada dos fatos e do local onde ocorreram. Será necessário ver se do telefone celular apreendido naquela noite do ex-presidente Fernández surgem novos elementos de prova para acrescentar ao processo em formação.

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