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Adesão da Ucrânia à Otan seria 'perigo absoluto e uma ameaça' à Rússia, diz Kremlin

Declaração acontece um dia após presidente americano Joe Biden afirmar que não há unanimidade sobre ingresso do país do Leste Europeu à aliança militar do Ocidente

Segurança em frente ao local da cúpula da Otan em Vilna, na LituâniaSegurança em frente ao local da cúpula da Otan em Vilna, na Lituânia - Foto: YVES HERMAN / POOL / AFP

Às vésperas da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Vilna, capital da Lituânia,Rússia e Estados Unidos se posicionaram publicamente sobre um dos principais pontos em discussão no encontro: o ingresso da Ucrânia na aliança militar. Após o presidente dos EUA ,Joe Biden, afirmar no domingo que o país do Leste Europeu ainda não estava pronto para entrar na Otan, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou que a eventual adesão ucraniana desencadearia "consequências muito negativas" para a segurança europeia.

— A integração da Ucrânia na Otan teria consequências muito negativas para toda a arquitetura de segurança na Europa, que já está meio destruída — disse Peskov nesta segunda-feira, acrescentando que tal cenário representaria "um perigo absoluto e uma ameaça" à Rússia.

Biden, por outro lado — que tem buscado evitar um potencial confronto direito entre Rússia e Estados Unidos —, abafou a possibilidade da Ucrânia entrar na aliança enquanto a guerra russo-ucraniana estivesse em andamento. Em entrevista exclusiva à emissora americana CNN, o presidente apontou ainda a falta de consenso a respeito da adesão entre os Estados-membros, cuja aprovação precisa ser unânime.

— Não creio que haja unanimidade na Otan quanto a trazer ou não a Ucrânia para a aliança da Otan agora, neste momento, no meio de uma guerra — disse Biden, que desembarcou nesta segunda-feira na capital lituana. — Por exemplo, se você fizer isso, então, (...) estaríamos determinados a nos comprometer com cada centímetro de território que seja território da Otan. É um compromisso que todos nós assumimos, não importa o que aconteça. Se a guerra continua, então estaríamos todos em guerra. Estaríamos em guerra com a Rússia, se esse for o caso.

O mandatário americano afirmou, ainda, ter tido uma longa conversa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a questão, dando garantias de que os Estados Unidos continuariam fornecendo armamento para a nação. Na última sexta-feira, os EUA anunciaram o inédito envio de bombas de fragmentação à Ucrânia, proibidas em mais de 100 países. As armas são controversas pois, ao serem disparadas, dispersarem centenas de munições menores — que ou explodem em contato com algum alvo ou viram uma espécie de mina terrestre —, responsáveis por vitimar inúmeros civis.

— Acho que temos que traçar um caminho racional para que a Ucrânia possa se qualificar para entrar na Otan — disse Biden, afirmando que considera uma votação na cúpula um movimento "prematuro".

A relação entre a aliança militar do Ocidente e a Ucrânia deve ser a principal tônica nas discussões da cúpula, que acontece nesta terça e quarta na capital lituana. Kiev tem cobrado celeridade no processo de adesão, iniciado em 2002, e garantias de segurança até que isso se torne realidade.

A recente declaração de Biden sobre a adesão ucraniana vai na contramão do que o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou em 1º de julho. Segundo Stoltenberg, todos os aliados da organização concordam com que a Ucrânia deve se tornar um membro.

A entrada na aliança militar do Ocidente, que se expandiria no Leste Europeu, foi um dos motivos apontados pela Rússia para justificar a invasão ao território ucraniano em fevereiro de 2022. Antes da guerra, o presidente russo Vladimir Putin exigiu um compromisso por parte da Otan de que Kiev não seria admitido. Na recente entrevista à CNN, Biden alegou ter recusado o pedido pela entidade ter "uma política de portas abertas".

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