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Adeus ao genial 'bêbado e equilibrista'

Aldir, vitimado pela Covid-19, viu suas letras imortalizadas nas vozes de Elis Regina e João Bosco

Aldir Blanc, compositorAldir Blanc, compositor - Foto: Divulgação

E lá se foram pouco mais de cinco décadas de letras, composições, crônicas e poesias, obstadas de seguirem em frente como têm sido com tantas outras vidas perdidas para uma pandemia que assola o mundo, inclusive o universo da Música Popular Brasileira (MPB). Aldir Blanc, aos 73 anos, foi vitimado na madrugada de ontem pelo novo coronavírus após vinte e poucos dias de resistência em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Rio de Janeiro.

Com ele se foi uma trajetória de mais de 500 canções, entre elas a aclamada "O Bêbado e a Equilibrista", assinada em conjunto com João Bosco, que assim como Moacyr Luz, tornou-se um dos maiores parceiros de Aldir. "Peço desculpas aos que têm me procurado. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que amigo para mim. Ele se confunde com a minha própria vida. (...) Não existe João sem Aldir", escreveu o artista mineiro em uma rede social, sobre o companheiro de estrada também em "Linha de Passe", "Falso Brilhante" e "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", entre tantos outros enredos versados por ambos e transformados em música.

 

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Carioca, vascaíno e observador contumaz da vida, Aldir Blanc tinha estilo próprio, jocoso quase sempre e suficientemente versátil, alternando entre atmosferas que deslizavam pelo bolero, ressoavam no choro-canção e findavam no samba, tendo sido este o gênero escolhido para poetizar o mundo real da Ditadura Militar.

Com as "Marias e Clarissas", viúvas que choraram as perdas para a tortura e a morte praticadas pelo regime, Blanc distribuiu os tenebrosos tempos do AI-5 em o "O Bêbado e a Equilibrista" ou o " Hino da Anistia", como ficou conhecida a canção, com Carlitos, de Charles Chaplin (1889-1977), personagem que também se encaixava naquele período da história contada por ele e por João Bosco.

Aldir Blanc em depoimentos

"Chora a pátria mãe gentil" a perda de Aldir Blanc, mas para o cantor e compositor João Bosco "uma pessoa só morre quando morre a testemunha", ele está entre esses que ficaram e assim como "todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio, farão o espírito de Aldir viver". Em depoimentos escritos em redes sociais, artistas e políticos externaram os sentimentos pelo compositor.

 


Para o músico Emicida, a morte de Aldir foi "a partida de mais uma caneta que nos inspirou sonhar". Já Arnaldo Antunes contemplou o compositor citando "Rubras cascatas. Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas", trecho de "O Mestre-sala dos Mares" escrita por ele e João Bosco. "Quando morre o ator de um verso como esse, entre tantos memoráveis, só nos resta chorar e reverenciar", completou ele. E João Barone sugere que "deveria ser luto nacional a perda de uma personalidade da envergadura de Aldir Blanc".

 

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