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Advertido sobre "linhas vermelhas" de Pequim, secretário de Estado dos EUA cobra China sobre guerras

Antony Blinken teve reunião longa com o chanceler chinês, Wang Yi, e encontrou-se com o presidente Xi Jinping, nesta sexta-feira (26)

Antony Blinken e Xi Jinping são fotografados no Grande Salão do Povo, em PequimAntony Blinken e Xi Jinping são fotografados no Grande Salão do Povo, em Pequim - Foto: Mark Schiefelbein/AFP

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cobrou uma participação mais ativa da China na desescalada dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, nesta sexta-feira, durante reuniões com o presidente chinês, Xi Jinping, e o chefe da diplomacia do país, Wang Yi, em Pequim. Em uma série de reuniões, o representante de Washington foi advertido sobre avanços americanos contra interesses de Pequim e que os dois países têm muitos assuntos pendentes a serem resolvidos.

Em uma reunião que durou mais de cinco horas, os diplomatas trataram de temas sensíveis da relação entre os dois países, bem como de assuntos correntes na comunidade internacional. Blinken cobrou a Wang que a China exerça o seu papel na situação do Oriente Médio, através de sua relação com o Irã.

"Penso que as relações que a China tem podem ser positivas na tentativa de acalmar as tensões, prevenir a escalada, evitar a propagação do conflito" disse Blinken a jornalistas, ao fim da reunião, afirmando que o ministro chinês concordou em manter contato no Oriente Médio.

O secretário de Estado também disse aos repórteres, logo ao fim da reunião, que demonstrou a preocupação de Washington com o apoio chinês à Rússia. Oficialmente, Pequim nega apoiar o esforço de guerra russo, mas os EUA acusam o país de facilitar a vida de Moscou por meio de incentivo econômico e envio de componentes que estão sendo usados com fins militares.

"A Rússia iria sofrer para manter a invasão na Ucrânia sem o apoio da China" disse Blinken aos repórteres.

As relações entre Estados Unidos e China desceram a um nível preocupante nos últimos anos. Os países cortaram comunicações militares em alto nível e encamparam, cada um à sua maneira, uma guerra comercial importante. A viagem de Blinken à Ásia tem por objetivo avançar com alguns temas menores e pragmáticos, e manter um contato ativo, mesmo que uma série de questões estratégicas sigam como um impasse, incluindo políticas comerciais e conflitos territoriais no Mar da China Meridional e em relação a Taiwan.

O ministro chinês foi claro ao advertir Blinken de que embora reconheça que a relação entre os dois países esteja começando a se estabilizar, "fatores negativos" continuam a surgir entre os dois países, e que qualquer tentativa americana de se opor a interesses considerados legítimos por Pequim poderiam levar a uma "espiral descendente" .

"Os legítimos direitos de desenvolvimento da China foram injustificadamente suprimidos e os nossos interesses fundamentais enfrentam desafios. Devem, a China e os EUA, manterem-se na direção certa para avançar com estabilidade ou regressar a uma espiral descendente?" disse Wang, em um pronunciamento traduzido.

Wang acrescentou um alerta para os EUA "não pisarem nas linhas vermelhas da China relativamente à soberania, segurança e interesses de desenvolvimento da China".

Os chanceleres também trocaram impressões sobre a região do Pacífico, cerne da maior tensão militar entre os dois países. A China acusa os EUA de trabalharem para cercar os interesses chineses no Pacífico — como por meio do último pacote de ajuda militar aprovado no Congresso americano, que previa repasses a Taiwan.

Blinken não mencionou o território que Pequim considera como parte de seu território, mas fez um alerta sobre as Filipinas, nas imediações, prometendo defender o aliado em caso de qualquer avanço expansionista chinês.

"Deixei claro que, embora os EUA continuem a diminuir as tensões, os nossos compromissos de defesa com as Filipinas permanecem firmes" disse Blinken, acrescentando que abordou “ações perigosas de Pequim no Mar do Sul da China”.

"Parceiros, não rivais"
Ao concluir a agenda de horas de duração com Wang, o secretário de Estado teve um encontro mais breve com o presidente da China, Xi Jinping. Em uma aparição pública mais amena, o líder chinês disse que Pequim e Washington deveriam ser "parceiros, não rivais", embora tenha reconhecido que os dois países registraram "alguns progressos positivos" desde que ele se reuniu com o presidente americano, Joe Biden, no fim do ano passado.

"Muitos problemas que precisam ser resolvidos [persistem] e ainda há espaço para esforços adicionais" declarou o líder chinês. "Eu propus três princípios principais: respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para todos. A Terra é grande o suficiente para abrigar o desenvolvimento comum e a prosperidade da China e dos Estados Unidos." 

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