Advogados de Trump apresentam últimos documentos para defesa sobre interferência nas eleições
Equipe jurídica se encontrou com promotores do escritório de Jack Smith, o procurador especial que conduz o inquérito
Advogados do ex-presidente Donald Trump se reuniram nesta quinta-feira com promotores do escritório do procurador especial Jack Smith, enquanto promotores federais se preparavam para acusar o republicano por seus amplos esforços para derrubar a eleição presidencial de 2020, segundo três pessoas familiarizadas com o assunto. A reunião ocorreu em um momento em que Trump se vê cada vez mais encurralado pela Justiça, e enquanto as primárias republicanas começam a esquentar.
Não ficou claro, contudo, quais assuntos foram discutidos ou se o Smith — nomeado pelo secretário de Justiça Merrick Garland em novembro passado — participou da reunião. Porém, encontros do tipo costumam ser usados pelos advogados de defesa como um último esforço para argumentar contra as acusações apresentadas ou para transmitir sua versão dos fatos e da lei.
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Segundo as fontes, os promotores teriam ouvido educadamente os advogados de Trump apresentarem seus argumentos, sem sinalizar intenções além do que haviam transmitido em uma carta anterior ao ex-presidente.
Em uma postagem em sua rede social após a reunião, Trump disse que os advogados tiveram "uma reunião produtiva" com os promotores. Ele disse que eles explicaram à equipe de Smith que ele não fez "nada de errado, fui aconselhado por muitos advogados e que uma acusação contra mim só destruiria ainda mais nosso país".
A equipe jurídica do ex-presidente — incluindo Todd Blanche e um advogado recém-contratado, John Lauro — está em alerta máximo desde a semana passada, quando promotores trabalhando para Smith enviaram a Trump uma chamada carta-alvo no caso de interferência eleitoral. Foi o sinal mais claro de que acusações poderiam estar chegando. Nos EUA, para apresentar uma acusação criminal, os promotores devem antes apresentar suas evidências e receber o sinal verde de um grupo de cidadãos.
A carta descrevia três possíveis acusações que Trump poderia enfrentar: conspiração para fraudar os Estados Unidos, obstrução de um processo oficial e uma acusação de direitos civis da era da Reconstrução que torna crime ameaçar ou intimidar qualquer pessoa no "livre exercício ou gozo" de qualquer direito ou privilégio previsto na Constituição ou em lei federal.
Outra equipe de advogados que trabalhava na época para Trump teve uma reunião semelhante com funcionários do Departamento de Justiça no mês passado, dias antes de os promotores liderados por Smith apresentarem uma acusação na Flórida, acusando o ex-presidente de reter ilegalmente 31 documentos altamente confidenciais depois de deixar a Casa Branca.
A acusação no caso da Flórida, que deve ir a julgamento em maio de 2024, também acusou Trump de conspirar com um de seus assessores pessoais, Walt Nauta, para obstruir as repetidas tentativas do governo de recuperar os documentos confidenciais.
Caso Trump seja acusado em conexão com seus esforços para reverter sua derrota eleitoral, seria um momento extraordinário em que um ex-presidente — e atual candidato presidencial pelo Partido Republicano — seria acusado de usar os poderes de seu próprio governo para permanecer no cargo contra a vontade dos eleitores.
Trump, atual favorito para a nomeação presidencial republicana, já foi acusado não apenas no caso de documentos confidenciais, mas também por dezenas de crimes relacionados a pagamentos clandestinos feitos a um atriz pornô na campanha eleitoral de 2016, em Manhattan. Trump também enfrenta o escrutínio do promotor distrital do condado de Fulton, Geórgia, que está investigando seus esforços para virar os resultados da eleição de 2020 naquele estado a seu favor.
Os problemas com a lei coincidem com o início do processo de primárias que o Partido Republicano realiza para escolher quem representará a legenda na eleição de novembro de 2024, com o debate inaugural marcado para o mês que vem. Trump é com folga o favorito: de acordo com o compilado do agregador RealClearPolitics, tem 53,7% das intenções de voto, contra 20,2% de Ron DeSantis, governador da Flórida. Em terceiro está seu antigo vice-presidente, Mike Pence, com 6%.