Afeganistão reacende pesadelo e UE convoca reuniões de emergência
O países do bloco europeu estão tentando encontrar soluções para a crise no Afeganistão após a tomada do país pelo grupo terrorista Talibã
Com a memória ainda recente da crise de imigração vivida em 2015 e 2016 — quando recebeu quase 2 milhões de refugiados —, a União Europeia convocou três reuniões extraordinárias após a tomada de Cabul pelo Talibã no Afeganistão.
Nesta segunda (16), o Conselho de Segurança discutiu como retirar do país conflagrado os cidadãos europeus e os funcionários afegãos de instituições da UE.
Na terça (17), será a vez dos ministros das Relações Exteriores e, na quarta, dos ministros de Justiça e Assuntos Interiores. Essa última deve discutir não uma, mas duas crises imigratórias.
A primeira já está a todo vapor nas fronteiras nordeste do bloco: mais de 4.000 imigrantes, a maioria iraquiana, entraram pela Belarus na Lituânia, a Letônia e a Polônia, multiplicando dezenas de vezes o fluxo usual de estrangeiros nesses países.
A segunda ainda é só uma ameaça, mas já preocupa os países do sul: Grécia, Itália, Espanha, Malta e Chipre temem que o colapso afegão provoque novas ondas de refugiados vindo pelo Mar Mediterrâneo.
A conversa interessa a todos, mas não será fácil: a política para imigrantes e refugiados é um dos temas mais polêmicos entre os 27 membros da União Europeia.
No domingo (15), por exemplo, a Áustria continuava defendendo sua decisão de deportar afegãos cujos pedidos de refúgio tivessem sido rejeitados — posição que já havia sido abandonada por pela Holanda, Alemanha, França e Dinamarca na semana anterior, quando ficou claro que a retirada dos Estados Unidos abrira uma nova temporada de perseguições.
O bloco já vinha sentindo há alguns meses uma retomada das ondas de imigrantes, principalmente africanos, após uma trégua forçada durante a pandemia.
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Na Grécia os campos de refugiados onde aguardam mais de 10 mil requerentes de asilo só não entraram em colapso nos últimos anos por causa do acordo firmado e renovado entre a UE e a Turquia.
Em troca de indenização, mais de 3 milhões de refugiados de guerra (principalmente sírios) ficaram em território turco nos últimos anos.
A capacidade de absorção da Turquia porém está esgotada, estimam entidades internacionais, e o êxodo de afegãos não será pequeno: segundo a agência de refugiados da ONU, cerca de 250 mil já foram forçados a fugir desde o final de maio — a maioria mulheres e crianças.
Após a vitória talibã, outros grupos em risco devem engrossar esse fluxo, como ativistas da sociedade civil, jornalistas, escritores, professores universitários, políticos, artistas e funcionários públicos, entre outros.
A Turquia pretende reforçar os bloqueios em sua fronteira com o Irã para barrar os afegãos, o que daria algum alívio aos meridionais, mas a crise no país asiático também preocupa a Lituânia.
Por um lado, o país teve que sua urgência seja ultrapassada pela nova emergência vinda do sul. Por outra, considera que o Afeganistão pode ser nova arma nas mãos do ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko.
Até o momento, a Lituânia registra a chegada de apenas 83 afegãos entre os 4.122 estrangeiros que atravessaram a fronteira da Belarus ilegalmente. Mas em mais de um discurso Lukachenko citou os afegãos entre as ameaças que fez ao bloco — e mais diretamente ao governo lituano, que abrigou sua principal rival, a líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaia.
"Países ocidentais espalham a podridão no Afeganistão, Irã, Iraque, e não temos nem dinheiro nem energia para contê-los, como resultado das sanções impostas [pela UE] sobre a Belarus", disse ele no final de julho.
No último dia 9, afirmou que não estava "chantageando ninguém com imigração ilegal", para acrescentar em seguida: "Mas a UE nos colocou em tais circunstâncias que somos forçados a reagir. E estamos reagindo".
O colapso total do governo afegão, que não estava prevista na resposta à crise do governo lituano, "representa desafios para a segurança de todo o mundo", disse Darius Kuliesius, principal conselheiro para questões de segurança nacional do presidente Gitanas Nauseda, ao jornal lituano Delfi.
Enquanto a UE discute o que fazer, países europeus de fora do bloco, como Albânia e Kosovo, aceitaram receber temporariamente refugiados políticos que desejam entrar nos Estados Unidos.
Com a memória ainda recente da crise de imigração vivida em 2015 e 2016 — quando recebeu quase 2 milhões de refugiados — , a União Europeia convocou três reuniões extraordinárias após a tomada de Cabul pelo Taleban no Afeganistão.
Nesta segunda (16), o Conselho de Segurança discutiu como retirar do país conflagrado os cidadãos europeus e os funcionários afegãos de instituições da UE.
Na terça (17), será a vez dos ministros das Relações Exteriores e, na quarta, dos ministros de Justiça e Assuntos Interiores. Essa última deve discutir não uma, mas duas crises imigratórias.
A primeira já está a todo vapor nas fronteiras nordeste do bloco: mais de 4.000 imigrantes, a maioria iraquiana, entraram pela Belarus na Lituânia, a Letônia e a Polônia, multiplicando dezenas de vezes o fluxo usual de estrangeiros nesses países.
A segunda ainda é só uma ameaça, mas já preocupa os países do sul: Grécia, Itália, Espanha, Malta e Chipre temem que o colapso afegão provoque novas ondas de refugiados vindo pelo Mar Mediterrâneo.
A conversa interessa a todos, mas não será fácil: a política para imigrantes e refugiados é um dos temas mais polêmicos entre os 27 membros da União Europeia.
No domingo (15), por exemplo, a Áustria continuava defendendo sua decisão de deportar afegãos cujos pedidos de refúgio tivessem sido rejeitados — posição que já havia sido abandonada por pela Holanda, Alemanha, França e Dinamarca na semana anterior, quando ficou claro que a retirada dos Estados Unidos abrira uma nova temporada de perseguições.
O bloco já vinha sentindo há alguns meses uma retomada das ondas de imigrantes, principalmente africanos, após uma trégua forçada durante a pandemia.
Na Grécia os campos de refugiados onde aguardam mais de 10 mil requerentes de asilo só não entraram em colapso nos últimos anos por causa do acordo firmado e renovado entre a UE e a Turquia.
Em troca de indenização, mais de 3 milhões de refugiados de guerra (principalmente sírios) ficaram em território turco nos últimos anos.
A capacidade de absorção da Turquia
Com a memória ainda recente da crise de imigração vivida em 2015 e 2016 — quando recebeu quase 2 milhões de refugiados —, a União Europeia convocou três reuniões extraordinárias após a tomada de Cabul pelo Taleban no Afeganistão.
Nesta segunda (16), o Conselho de Segurança discutiu como retirar do país conflagrado os cidadãos europeus e os funcionários afegãos de instituições da UE.
Na terça (17), será a vez dos ministros das Relações Exteriores e, na quarta, dos ministros de Justiça e Assuntos Interiores. Essa última deve discutir não uma, mas duas crises imigratórias.
A primeira já está a todo vapor nas fronteiras nordeste do bloco: mais de 4.000 imigrantes, a maioria iraquiana, entraram pela Belarus na Lituânia, a Letônia e a Polônia, multiplicando dezenas de vezes o fluxo usual de estrangeiros nesses países.
A segunda ainda é só uma ameaça, mas já preocupa os países do sul: Grécia, Itália, Espanha, Malta e Chipre temem que o colapso afegão provoque novas ondas de refugiados vindo pelo Mar Mediterrâneo.
A conversa interessa a todos, mas não será fácil: a política para imigrantes e refugiados é um dos temas mais polêmicos entre os 27 membros da União Europeia.
No domingo (15), por exemplo, a Áustria continuava defendendo sua decisão de deportar afegãos cujos pedidos de refúgio tivessem sido rejeitados — posição que já havia sido abandonada por pela Holanda, Alemanha, França e Dinamarca na semana anterior, quando ficou claro que a retirada dos Estados Unidos abrira uma nova temporada de perseguições.
O bloco já vinha sentindo há alguns meses uma retomada das ondas de imigrantes, principalmente africanos, após uma trégua forçada durante a pandemia.
Na Grécia os campos de refugiados onde aguardam mais de 10 mil requerentes de asilo só não entraram em colapso nos últimos anos por causa do acordo firmado e renovado entre a UE e a Turquia.
Em troca de indenização, mais de 3 milhões de refugiados de guerra (principalmente sírios) ficaram em território turco nos últimos anos.
A capacidade de absorção da Turquia porém está esgotada, estimam entidades internacionais, e o êxodo de afegãos não será pequeno: segundo a agência de refugiados da ONU, cerca de 250 mil já foram forçados a fugir desde o final de maio — a maioria mulheres e crianças.
Após a vitória talibã, outros grupos em risco devem engrossar esse fluxo, como ativistas da sociedade civil, jornalistas, escritores, professores universitários, políticos, artistas e funcionários públicos, entre outros.
A Turquia pretende reforçar os bloqueios em sua fronteira com o Irã para barrar os afegãos, o que daria algum alívio aos meridionais, mas a crise no país asiático também preocupa a Lituânia.
Por um lado, o país teve que sua urgência seja ultrapassada pela nova emergência vinda do sul. Por outra, considera que o Afeganistão pode ser nova arma nas mãos do ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko.
Até o momento, a Lituânia registra a chegada de apenas 83 afegãos entre os 4.122 estrangeiros que atravessaram a fronteira da Belarus ilegalmente. Mas em mais de um discurso Lukachenko citou os afegãos entre as ameaças que fez ao bloco — e mais diretamente ao governo lituano, que abrigou sua principal rival, a líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaia.
"Países ocidentais espalham a podridão no Afeganistão, Irã, Iraque, e não temos nem dinheiro nem energia para contê-los, como resultado das sanções impostas [pela UE] sobre a Belarus", disse ele no final de julho.
No último dia 9, afirmou que não estava "chantageando ninguém com imigração ilegal", para acrescentar em seguida: "Mas a UE nos colocou em tais circunstâncias que somos forçados a reagir. E estamos reagindo".
O colapso total do governo afegão, que não estava prevista na resposta à crise do governo lituano, "representa desafios para a segurança de todo o mundo", disse Darius Kuliesius, principal conselheiro para questões de segurança nacional do presidente Gitanas Nauseda, ao jornal lituano Delfi.
Enquanto a UE discute o que fazer, países europeus de fora do bloco, como Albânia e Kosovo, aceitaram receber temporariamente refugiados políticos que desejam entrar nos Estados Unidos.
A Turquia porém está esgotada, estimam entidades internacionais, e o êxodo de afegãos não será pequeno: segundo a agência de refugiados da ONU, cerca de 250 mil já foram forçados a fugir desde o final de maio -a maioria mulheres e crianças.
Após a vitória talibã, outros grupos em risco devem engrossar esse fluxo, como ativistas da sociedade civil, jornalistas, escritores, professores universitários, políticos, artistas e funcionários públicos, entre outros.
A Turquia pretende reforçar os bloqueios em sua fronteira com o Irã para barrar os afegãos, o que daria algum alívio aos meridionais, mas a crise no país asiático também preocupa a Lituânia.
Por um lado, o país teve que sua urgência seja ultrapassada pela nova emergência vinda do sul. Por outra, considera que o Afeganistão pode ser nova arma nas mãos do ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko.
Até o momento, a Lituânia registra a chegada de apenas 83 afegãos entre os 4.122 estrangeiros que atravessaram a fronteira da Belarus ilegalmente. Mas em mais de um discurso Lukachenko citou os afegãos entre as ameaças que fez ao bloco — e mais diretamente ao governo lituano, que abrigou sua principal rival, a líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaia.
"Países ocidentais espalham a podridão no Afeganistão, Irã, Iraque, e não temos nem dinheiro nem energia para contê-los, como resultado das sanções impostas [pela UE] sobre a Belarus", disse ele no final de julho.
No último dia 9, afirmou que não estava "chantageando ninguém com imigração ilegal", para acrescentar em seguida: "Mas a UE nos colocou em tais circunstâncias que somos forçados a reagir. E estamos reagindo".
O colapso total do governo afegão, que não estava prevista na resposta à crise do governo lituano, "representa desafios para a segurança de todo o mundo", disse Darius Kuliesius, principal conselheiro para questões de segurança nacional do presidente Gitanas Nauseda, ao jornal lituano Delfi.
Enquanto a UE discute o que fazer, países europeus de fora do bloco, como Albânia e Kosovo, aceitaram receber temporariamente refugiados políticos que desejam entrar nos Estados Unidos.