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Covid-19

Afinal, quem tem asma faz parte do grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19? Entenda

Apenas uma parcela dos asmáticos se encaixam entre as comorbidades elencadas

Pessoa com asma utilizando medicação inalatóriaPessoa com asma utilizando medicação inalatória - Foto: Julia Moraes/Folhapress

Após o anúncio da abertura da vacinação contra a Covid-19 para pessoas portadoras de comorbidades que possam representar algum risco de agravamento em eventuais casos de infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2, algumas dúvidas surgiram a respeito da asma. 

No hall de comorbidades elencadas pelo Ministério da Saúde como inseridas nesse grupo, a asma se encaixa como pneumopatia crônica grave. No entanto, apenas os pacientes que têm a asma em estágio considerado grave entram nessa categoria. 

O chefe do Departamento de Pneumologia do Hospital das Clínicas de Pernambuco e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ângelo Rizzo, explica que a asma grave é caracterizada pela necessidade de usar corticoides orais com maior frequência ou precisar de internação hospitalar durante as crises.  

"A asma se manifesta com diferentes gravidades. Existem pessoas que têm episódios de aperto no peito uma vez por ano e, entre um episódio e outro, ficam bem. Outros precisam usar medicação inalada, como bombinhas de corticoide, para controlar a asma. E, na maioria das vezes, a gente consegue controlar”, detalha ele. 

“Mas tem um pequeno grupo que, mesmo usando essa medicação inalada, ainda tem crises mais intensas de aperto nos brônquios e falta de ar. São pacientes que precisam ser internados ou fazer uso dos corticoides orais, que têm ação sistêmica. Isso é um indicativo que o paciente tem uma asma mal controlada ou de difícil controle, que precisa usar medicação mais potente e que pode ter alguns efeitos colaterais”, completa, pontuando que um paciente de asma grave, que apresenta desconforto mais intenso nos brônquios com frequência, corre maiores riscos ao contrair a Covid-19 por já ter um sistema respiratório fragilizado. 

Inalador Foto: Pixabay

“Normalmente, o paciente grave usa duas ou três medicações inalatórias de maneira contínua, além de ter um histórico de internação por causa da enfermidade. Muitos que têm asma leve ou moderada estão querendo se enquadrar nas prioridades da vacinação, nem por má intenção, mas por falta de informação”, reforça o pneumologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Alfredo Leite.

Sem prioridade
Pacientes que têm asma leve, com poucos sintomas, ou controlada, mesmo que com uso de bombinhas, não integram os chamados grupos de risco relacionados à Covid-19. 

Ângelo Rizzo frisa que os quadros controlados não geram predisposição a contrair o vírus mais facilmente e nem significam risco de desenvolver formas mais graves da doença se, porventura, a pessoa for exposta ao Sars-CoV-2. 

Alfredo Leite corrobora afirmando que, atualmente, há questionamentos por parte da comunidade médica em relação ao enquadramento de asmáticos como fator de risco para a Covid-19. 

Segundo ele, vários estudos indicam uma gravidade mais baixa da asma em relação a outras comorbidades, como diabetes e hipertensão, por exemplo.

“Tem menos asmáticos entre os pacientes graves dos trabalhos do que na população geral. Eu considero como uma atitude de bom senso incluir os asmáticos graves na vacinação”, frisa Alfredo Leite.

Ele revela ainda que uma das teses atuais é de que a asma nas formas leve e moderada pode ser até um fator protetor em relação ao coronavírus. 

“O tipo de alteração imunológica [da asma] pode ajudar a prevenir a complicação da Covid. É possível que o uso contínuo dessa medicação reduza de alguma maneira o risco do coronavírus”, detalha o médico, que acrescenta que, entre os asmáticos, de forma geral, de 5% a 10% podem ser considerados portadores do tipo mais grave da doença.

O pneumologista do Huoc afirma ainda que muitos pacientes o questionam sobre a possibilidade de tomar a vacina contra a Covid-19, mas ele precisa explicar os critérios necessários para a assinatura e carimbo no formulário.

“Todos os dias eu chego no consultório com uma lista de pacientes que pediram, mas a maioria não se enquadra. O paciente vê lá e diz: ‘não tenho asma de usar corticóide sistêmico várias vezes por ano e nem tenho histórico de internação’. A maioria dá aquela provocada ‘se colar colou’, alguns, apesar de esclarecer, querem dar uma ‘forçada’, mas é uma questão ética”, diz.

Ângelo Rizzo alerta, no entanto, para a importância daqueles que têm medicação de uso regular seguirem a prescrição à risca a fim de evitar contratempos, como contrair a Covid-19 de forma concomitante a uma crise ou ter a necessidade de ir a um hospital por conta da asma e acabar sendo exposto ao coronavírus.

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