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Agência da ONU para Refugiados Palestinos é essencial para sobrevivência em Gaza, diz seu porta-voz

São cerca de 18.000 funcionários entre a Cisjordânia ocupada e Gaza

Soldados israelenses dentro de um complexo evacuado da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Cidade de GazaSoldados israelenses dentro de um complexo evacuado da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) na Cidade de Gaza - Foto: Jack Guez / AFP

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) é essencial para ajudar a manter os habitantes de Gaza vivos, considerou nesta terça-feira (29) o porta-voz desta organização, alvo de uma proibição pelo Parlamento israelense.

"A UNRWA é insubstituível. É essencial. Isso é um fato, independentemente da legislação aprovada ontem", disse Jonathan Fowler, porta-voz da agência em Jerusalém Oriental, em entrevista à AFP.

Apesar da oposição dos Estados Unidos e de uma advertência do Conselho de Segurança da ONU, o Parlamento aprovou por esmagadora maioria (92 votos a favor e 10 contra) a proibição das "atividades da UNRWA em território israelense", incluindo Jerusalém Oriental, setor anexado por Israel.

A agência fornece ajuda e assistência essenciais aos refugiados palestinos há mais de 70 anos, mas enfrenta duras críticas por parte das autoridades de Israel.

São cerca de 18.000 funcionários entre a Cisjordânia ocupada e Gaza, incluindo 13.000 professores e 1.500 profissionais de saúde.

Fowler disse que a UNRWA espera que a decisão seja revogada.

"Cabe à comunidade internacional e às autoridades israelenses, como membros da comunidade internacional, dizer qual é o plano B" caso a decisão seja implementada em três meses, conforme anunciado pelo Parlamento, declarou.

Problema muito grave 
Diferentemente de outras agências da ONU que trabalham com parceiros externos — como escolas ou hospitais — para fornecer serviços financiados e coordenados, a UNRWA contrata seus próprios funcionários.

"Todo o sistema das Nações Unidas, bem como outros atores internacionais, dependem das redes logísticas da UNRWA e de sua equipe para tentar manter a população de Gaza viva. Nós somos a espinha dorsal", enfatizou Fowler.

Um segundo texto votado na segunda-feira proíbe as autoridades israelenses de trabalharem com a agência e seus funcionários, o que deve perturbar consideravelmente as atividades da organização, visto que Israel controla rigorosamente toda a carga humanitária que entra em Gaza.

"Do ponto de vista da coordenação, isto representa um problema muito grave", reforçou o porta-voz.

Assim como outras agências, a UNRWA depende de contatos com o Exército israelense ou com a organização do Ministério da Defesa que administra os assuntos civis nos territórios palestinos (Cogat), para coordenar a entrada de mercadorias em Gaza e a movimentação segura de seus funcionários.

"Em uma situação de guerra", como a de Gaza, "a capacidade de nos movimentarmos e fazermos nosso trabalho com relativa segurança pode ser seriamente prejudicada", completou.

O porta-voz também expressou sua preocupação com as consequências da decisão israelense. "É um golpe para o multilateralismo", afirmou, acrescentando que "não é o único lugar no mundo onde um governo pode querer se livrar de uma organização da ONU que considere inconveniente".

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