Agência de saúde dos EUA inicia demissões após ordem de Kennedy Jr. para cortar 10 mil postos
Escritórios foram parcialmente ou totalmente eliminados, incluindo departamentos responsáveis por doenças sexualmente transmissíveis, saúde global e defeitos congênitos
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos começou a dispensar funcionários na manhã desta terça-feira, incluindo altos reguladores envolvidos na segurança de medicamentos e tabaco, de acordo com um memorando visto pela Bloomberg. A medida faz parte da reestruturação promovida pelo secretário Robert F. Kennedy Jr.
E-mails enviados por Tom Nagy, secretário adjunto de recursos humanos, notificaram os funcionários sobre suas demissões por volta das 5h da manhã, no horário de Washington, D.C. Segundo duas fontes familiarizadas com o caso, alguns escritórios foram parcialmente ou totalmente eliminados, incluindo departamentos responsáveis por doenças sexualmente transmissíveis, saúde global e defeitos congênitos.
Os funcionários afetados pela notificação de redução de pessoal foram imediatamente bloqueados dos sistemas de informática do HHS, o que interrompeu o trabalho dos programas que administravam e impediu a comunicação com parceiros.
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As demissões seguem o plano anunciado por Kennedy em 27 de março para eliminar 10.000 empregos da força de trabalho da agência. Combinadas com saídas voluntárias por meio de programas de indenização, a iniciativa deve reduzir o número total de funcionários do HHS de 82.000 para 62.000.
Entre os demitidos está Peter Stein, alto funcionário da Food and Drug Administration (FDA) que supervisionava os avaliadores responsáveis pela revisão de novos medicamentos, segundo um e-mail obtido pela Bloomberg.
"Recebi um e-mail informando que fui removido do cargo de diretor do OND e oferecido uma posição na área de relações com pacientes – que recusei", escreveu Stein. O Escritório de Novos Medicamentos (OND) analisa solicitações e toma decisões de aprovação, sendo responsável por avaliar se os benefícios de um medicamento superam seus riscos, conforme descrito no site da FDA.
A saída de Stein representa mais um golpe para a liderança da FDA, após a saída de Peter Marks, em 28 de março. Marks era responsável pela divisão da agência que aprova vacinas, insulinas e medicamentos injetáveis complexos.
Além disso, o principal regulador do setor de tabaco da FDA também foi removido do cargo. "É com grande pesar e profunda decepção que compartilho que fui colocado em licença administrativa", escreveu Brian King, diretor do Centro de Produtos de Tabaco da FDA, em um e-mail enviado à equipe e obtido pela Bloomberg Law.
Grande parte do departamento de imprensa da FDA também foi afetada pelas demissões, segundo fontes próximas ao caso.
Além de reduzir a força de trabalho da agência, Kennedy também está reestruturando sua estrutura organizacional, reduzindo quase pela metade o número de divisões. Entre as mudanças, unidades do HHS focadas em saúde pública, abuso de substâncias, saúde mental e segurança ocupacional serão fundidas em uma nova entidade chamada Administração para uma América Saudável. Já a divisão do HHS responsável pela preparação para pandemias será transferida para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), com a migração de 1.000 funcionários para essa agência.
O HHS afirmou que os funcionários das áreas de medicamentos, dispositivos médicos, análise de alimentos e inspeções serão poupados dos cortes.
Os democratas criticaram duramente os planos de Kennedy, alegando que as mudanças prejudicarão serviços essenciais e comprometerão a pesquisa médica.
"O plano deles está colocando vidas em sério risco", declarou a senadora Patty Murray, de Washington, a jornalistas no dia seguinte ao anúncio dos cortes.