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Haiti

Agentes matam 4 e prendem 2 suspeitos do assassinato do presidente do Haiti, diz chefe da polícia

A detenção dos suspeitos foi anunciada pelo vice-ministro das Comunicações do país, Frantz Exantus

Moise foi morto por homens armados em sua casa nos arredores de Porto Príncipe nesta manhãMoise foi morto por homens armados em sua casa nos arredores de Porto Príncipe nesta manhã - Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

Quatro suspeitos de matar o presidente do Haiti, Jovenel Moïse, 53, foram mortos pelas forças de segurança do país, enquanto outros dois foram detidos, anunciou na televisão local o chefe da Polícia Nacional, Leon Charles, na noite desta quarta-feira (7).

"A polícia ainda está em confronto com os agressores", afirmou Charles, que acrescentou que três agentes feitos reféns pelos suspeitos foram libertados. "Eles serão mortos ou capturados."

A detenção dos suspeitos foi anunciada pelo vice-ministro das Comunicações do país, Frantz Exantus, em sua rede social, antes do pronunciamento do chefe da polícia.

Moïse foi morto a tiros por um grupo de agressores em sua residência privada durante a madrugada desta quarta, informou por meio de um comunicado o primeiro-ministro interino, Claude Joseph, que classificou o caso de "ato odioso, desumano e bárbaro".

Segundo o premiê, a esposa de Moïse, Martine, 47, também foi baleada e está recebendo cuidados médicos. O embaixador haitiano nos EUA, Bocchit Edmond, disse no início da tarde que a primeira-dama está em estado crítico e foi transferida para receber tratamento em Miami.

Sem dar mais detalhes, o comunicado de Joseph afirmou ainda que parte dos invasores falava espanhol, o que indicaria que eles não são haitianos –os idiomas oficiais do país são o francês e o crioulo.

O embaixador haitiano nos EUA chegou a dizer, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, que os assassinos que invadiram a casa de Moïse alegavam ser membros da agência americana antidrogas (DEA, na sigla em inglês). "Foi um ataque bem orquestrado. Eles [os agressores] diziam às pessoas que vieram como parte de uma operação da DEA."

Mais tarde, em entrevista coletiva, Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, responsável pela diplomacia americana, disse que as acusações são "absolutamente falsas".

O país agora é comandado pelo premiê interino, segundo ele afirmou em entrevista ao jornal americano The New York Times –o presidente da Suprema Corte do país seria o nome a preencher a lacuna, mas o último detentor do cargo, René Sylvestre, morreu no mês passado, vítima da Covid-19.

Após uma reunião de gabinete com outros membros do governo, o primeiro-ministro declarou estado de sítio, o que confere ainda mais poderes ao Executivo no país em que o Legislativo teve suas funções praticamente anuladas por Moïse. O líder autoritário governava por meio de decretos desde o ano passado, após suspender dois terços do Senado, toda a Câmara dos Deputados e todos os prefeitos.

Joseph fez um apelo à comunidade internacional para que o assassinato do presidente seja investigado e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que uma reunião do Conselho de Segurança seja convocada. De acordo com informações da agência de notícias AFP, o órgão se reunirá, a pedido dos Estados Unidos e do México, em caráter de urgência nesta quinta (8) para discutir a situação haitiana. O Brasil faz parte do conselho, como membro rotativo.

O ataque a Moïse ocorreu em meio a uma onda crescente de violência ligada à crise política do país. Com o Haiti profundamente polarizado e enfrentando uma crise humanitária e escassez de alimentos, há temores de uma desordem generalizada.

Nesta madrugada, houve relatos de tiros em toda a capital, Porto Príncipe, e, no começo da manhã, forças de segurança montaram um sistema para controlar a circulação de pessoas nas ruas. Segundo a agência de notícias Reuters, o aeroporto internacional da cidade foi fechado, e a vizinha República Dominicana ordenou o bloqueio da fronteira que divide com o país.

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