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Rio de Janeiro

Agredido por PM em hospital do Rio não consegue trabalhar: 'Meu filho está traumatizado'

Francisco Borges e a esposa, Viviane Magalhães, levaram tapas e socos, cena presenciada pelo menino, que tinha quebrado o fêmur

Pais são agredidos por policial em hospitalPais são agredidos por policial em hospital - Foto: Reprodução/Twitter

Os transtornos na vida da família do gesseiro Francisco Borges e de sua esposa, a dona de casa Viviane Magalhães, não terminaram na noite do último dia 8. Na ocasião, levaram o filho mais velho, de 3 anos, ao Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, depois de o menino ter caído de uma escada, mas foram agredidos pelo cabo da Polícia Militar Leonardo Pinto de Aguiar, conforme registrado em vídeo. Além da fratura no fêmur, que causa desconforto na criança, agora o pai não consegue ir trabalhar, porque o filho "está traumatizado" e chora quando fica longe dele.

"Eu trabalho como gesseiro, como autônomo. Então, recebo por dia que vou trabalhar, mas não tem como eu sair nesse estado, com meu filho berrando e chorando. É complicado", relata Francisco Borges, que, desde o dia 8, só conseguiu ir trabalhar por duas vezes. "Ele não quer ficar longe de mim. Está traumatizado; ele viu tudo".

A renda da família depende das atividades realizadas por Francisco. Sua mulher, com quem tem mais uma filha, de um 1 e 5 meses, é quem fica em casa e cuida das crianças. Os dois contam com a ajuda de parentes para manter as despesas.
 

Além do abalo psicológico, a rotina do filho do casal está com limitações. Ele, que já ia sozinho ao banheiro, precisou começar a usar fralda e isso o incomoda.

"Ele fica segurando o xixi, nisso a gente leva um potinho para ele. Ele só faz (xixi) nas últimas fraldas, isso é mais um incômodo. Está muito desconfortável: o gesso pega a cintura, as duas pernas e tem uma espécie de trava nas pernas, é um desconforto total", desabafa Francisco.

De acordo com a família, o menino tem retorno marcado para o hospital municipal Lourenço Jorge na próxima segunda-feira, dia 24, para uma avaliação após 15 dias do primeiro atendimento.

Trauma do filho, e do pai
As agressões foram registradas em vídeo. Nela, o cabo da Polícia Militar Leonardo Pinto de Aguiar aparece, com um uniforme verde, desferindo tapas, socos e chutes no casal. Viviane Magalhães, mãe do menino de 3 anos que precisava de atendimento, chegou a ser jogada no chão após um puxão de cabelo.

No registro das imagens, é possível ouvir uma criança gritando. Segundo Francisco, a voz era seu filho, que ainda estava no seu colo quando as agressões começaram.

"Quando ele (o PM) deu o primeiro soco, na cabeça, entreguei o meu filho à minha esposa, que o colocou no colo de uma prima dela, para tentar separar (a briga)", lembra Francisco, que fica tranquilo pelo fato de o filho não ter precisado mais entrar em contato com as cenas daquele dia, apesar de o próprio pai estar traumatizado também:

"Ele passa o dia vendo desenho, então nem está 'ligado' na mídia. Mas (para mim) dói. Eu não consigo ver o vídeo, que me abala muito, tanto a mim, quanto à minha esposa. Ontem eu estava vendo a reportagem e, quando passou o monstro me agredindo e jogando minha esposa no chão, me dá uma angústia. Não consigo nem ver".

O casal foi ouvido pela Polícia Civil, na 16ª DP (Barra da Tijuca) na última quarta-feira e um dos advogados da família, Marcio Cavalcante, frisa que eles foram recebidos "com muita atenção", além de que a unidade "prontamente registrou o caso" no último dia 19. Francisco relata ter tentado ir à delegacia outras vezes, porém, segundo ele, não teria sido recebido. A Polícia Civil ainda não deu retorno sobre o assunto.

Anteriormente, em nota, a Polícia Civil afirmou que autor foi identificado e será intimado a prestar depoimento. Além disso, uma investigação está em andamento.

Relembre o caso

Francisco Borges e Viviane Magalhães chegaram no Hospital Lourenço Jorge, com o filho no colo. A criança tinha caído de uma escada e aparentava estar com a perna quebrada. Após um primeiro atendimento, o casal foi informado que o menino precisaria passar por um exame de raio-X, o que aconteceu, mas, segundo a família, o resultado foi entregue a funcionários da enfermagem, por não terem encontrado o ortopedista.

Quando o médico retornou, perguntou pelo exame e ninguém soube dizer onde estava e, de acordo com Francisco, foi quando a confusão começou.

Os pais teriam sido informados que o menino não poderia passar por outro exame, porque a radiação poderia fazer mal a ele, foi quando o pai afirma não ter deixado que o filho passasse por uma cirurgia.

Com a recusa do pai, uma discussão começou e, naquele momento, o cabo Leonardo de Aguiar iniciou as agressões. Nas imagens, Francisco chega a ficar sem camisa e com a calça caída. Já a mulher, Viviane, que teria tentado apartar a briga, foi jogada no chão por um puxão de cabelo.

De acordo com a PM, "a Corregedoria Geral da Corporação, através da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), já tomou ciência do fato e instaurou um procedimento apuratório interno sobre o caso".

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