Agreste faz taxa de contágio do coronavírus voltar a subir em Pernambuco
Caruaru e municípios das Zonas da Mata Norte e Sul enfrentam momento delicado
Caruaru, no Agreste, é um dos 85 municípios pernambucanos que ainda não avançou sequer para o segundo estágio do Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19. Isso por conta de os números de casos da doença, sobretudo os graves, continuarem em ascendente. O município, sede da quarta regional de Saúde do Estado, tem sido palco de cenas preocupantes. De acordo com o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, há comércios não essenciais em funcionamento, quando deveriam estar fechados, e a área da Feira da Sulanca apresenta aglomerações sem qualquer ordenamento.
Nesta segunda-feira (22), Longo disse que, em breve, serão anunciadas medidas para essa região. Caruaru, segundo Longo, é o segundo município com mais residentes internados em leitos localizados na Região Metropolitana do Recife (RMR). Atualmente, o município tem 1.615 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e outros 352 em investigação. São 59 munícipes internados, sendo 17 com diagnóstico já definido e 42 ainda aguardando resultado de exame. Outros 235 se encontram em isolamento domiciliar.
Além do Agreste, as Zonas da Mata Norte e Sul também seguem com restrições em relação ao comércio, sendo os municípios de Palmares, Água Preta, Escada e Goiana os mais afetados.
Leia também
• Covid-19: Pernambuco chega a 100 mil exames realizados
• Pernambuco registra mais de 1.500 curas nas últimas 24h
• Antigo Hospital Alfa passa a contar com maior UTI Covid-19 no Estado
Taxa de transmissibilidade
Nas últimas semanas, o Estado apresentou taxas de contaminação abaixo de 1, o que é considerado essencial para manter certa administração em relação aos casos de infecção pelo novo coronavírus. Nesta segunda, esse índice voltou a passar de 1, gerando preocupação, uma vez que a maior parte dos municípios está com o Plano de Convivência com a Covid-19 em curso, inclusive com reabertura de shoppings e lojas grandes do comércio de rua.
Segundo André Longo, é preciso ter cautela ao interpretar esses dados, uma vez que muitos dos casos que têm sido notificados ultimamente são detectados em testes rápidos, que investigam a presença de anticorpos e são, na maioria dos casos, realizados quando o paciente já está recuperado. “Os exames RT PCR medem a atividade da doença, enquanto os sorologicos, em especial os rápidos, avaliam, na grande maioria das vezes, uma doença que passou, que não está mais em atividade. O melhor parametro para avaliar a atividade da doença é a avaliação dos casos graves, de Srag”, explicou Longo, dizendo ainda que o crescimento desse índice tem a ver com a situação do Agreste, sobretudo Caruaru, onde o número de casos tem aumentado.
"Passamos praticamente 20 dias com a taxa de transmissibilidade abaixo de 1. Hoje ela voltou a subir, mas não é homogêneo. O Agreste puxou a taxa do Estado novamente para cima, mas na Capital segue mantendo ainda a taxa da quarentena mais rígida (abaixo de 1). Se cenas que vimos hoje em Caruaru e no Centro do Recife voltarem a se repetir e o número de casos subir, teremos que dar passos para trás. Não queremos fazer isso, mas se for para salvar vidas, não iremos hesitar (em impor medidas mais rígidas). Nos preocupa a situação do Agreste, que vem crescendo o número de casos”, disse, citando também o comércio de rua do Recife, que está no terceiro estágio do Plano de Convivência, com reabertura de shoppings e lojas grandes de rua.
Sertão
Nesta segunda, foram enviados 10 respiradores para a Unidade de Pronto Atendimento e de Atenção Especializada (UPAE) de Petrolina, no Sertão do Estado. A expectativa, de acordo com André Longo, é implantar os primeiros leitos de terapia intensiva da unidade até o final de semana. Ao todo, a UPAE terá 20 leitos de UTI e 30 de enfermaria. No momento, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Petrolina têm o suporte de leitos contratualizados junto aos hospitais privados Neurocardio (5) e Memorial de Petrolina (5).
"É de se esperar que a doença chegue àquela região com mais força a partir de julho. Hoje já tem uma situação mais delicada depois da ponte, em Juazeiro (Bahia), que fechou o seu comércio. É preciso estar atento a esse movimento. Entramos em contato com a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, cobrando responsabilidade na rede Pernambuco-Bahia. Eles fecharam convênio com o Hospital Pro-Matre, em Juazeiro”, comentou o secretário. Em Araripina, há 10 leitos no Hospital Santa Maria e a previsão é de que sejam enviados mais 10 respiradores para ampliar a capacidade da unidade.