Agricultores franceses protestam contra acordo com Mercosul
A França lidera a resistência contra a assinatura do acordo negociado há muito tempo entre UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
Os agricultores franceses iniciaram uma nova série de ações nesta segunda-feira (18) para protestar contra a aparente iminência de um acordo comercial entre a União Europeia e quatro países do Mercosul, que consideram uma ameaça ao seu futuro.
A França lidera a resistência contra a assinatura do acordo negociado há muito tempo entre UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que criaria a maior zona de livre comércio do mundo.
No domingo, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu a oposição do seu país durante uma visita ao seu homólogo argentino, Javier Milei, em Buenos Aires, antes de se dirigir à cúpula do G20 no Rio.
"Não será às custas de nossos agricultores", assegurou.
Assim como fizeram em janeiro, durante protestos de magnitude sem precedentes, os trabalhadores agrícolas usaram os seus tratores para bloquear estradas em toda a França nesta segunda-feira.
Também plantaram grandes cruzes de madeira, como símbolo da sua morte, e instaram Macron e o governo a fazerem mais.
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"Chega de promessas, comece pelos fatos", dizia uma placa exposta em uma rodovia no sudeste do país.
"Macron, a nossa agricultura está morrendo e você olha para o outro lado", dizia outra.
Yohann Barbe, porta-voz da aliança de sindicatos agrícolas majoritária (FNSEA-JA), que convocou os protestos, estimou que o seu alcance "será novamente sem precedentes, porque sentimos que os agricultores continuam irritados com um governo que demora a reagir".
No total, "há 85 pontos de manifestação", declarou Pierrick Horel, presidente da Jovens Agricultores (JA).
Menos de um ano após o seu grande movimento de indignação, os agricultores e pecuaristas franceses continuam denunciando rendas insuficientes para sobreviver.
Concorrência desleal
Apesar da oposição da classe política francesa e dos setores agrícolas, a UE parece determinada a assinar o acordo até o final do ano, o que permitiria aos países sul-americanos envolvidos aumentar suas cotas de entrada no bloco de carne bovina, de frango e suína.
Vários governos europeus, como os da Espanha e Alemanha, são favoráveis ao acordo, que abriria as portas para maiores exportações de carros, máquinas e produtos farmacêuticos da UE.
Os agricultores franceses denunciam uma concorrência desleal, porque a produção dos alimentos no bloco sul-americano não está submetida às mesmas exigências ambientais e sociais, nem aos mesmos padrões sanitários em caso de controles insuficientes.
Os principais sindicatos agrícolas decidiram retomar a mobilização no dia em que a reunião de cúpula do G20 começa no Brasil.