Guerra na Ucrânia

AIEA: 'integridade física' de usina nuclear ucraniana ocupada pela Rússia foi 'violada'

Rússia e Ucrânia se acusam de bombardear os arredores da central nuclear de Zaporizhzhia

 Rafael Grossi,diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Rafael Grossi,diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - Foto: Genya Savilov / AFP

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse nesta quinta-feira (1º) que "a integridade física" da usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ocupada por tropas russas e bombardeada nas últimas semanas, foi "violada". 

O Exército russo tomou em março a usina, a maior da Europa, dias depois de ter invadido o território ucraniano. Os dois lados se acusam mutuamente pelos bombardeios das últimas semanas na região, que despertaram temores de um desastre nuclear.

A inspeção de hoje foi realizada pela missão de 14 membros da AIEA, que chegou ao local após um cruzamento arriscado da linha de frente, e pouco depois de novos bombardeios na área.

É evidente que (...) a integridade física da usina foi violada em várias ocasiões, declarou Grossi ao retornar ao território controlado pela Ucrânia, após inspecionar a usina nuclear durante o dia.


Missão produtiva

O diplomata argentino informou que vários membros da missão irão permanecer "até domingo ou segunda-feira para prosseguir com a avaliação" da situação da usina, anunciou Grossi, que integrou a equipe de 14 inspetores que visitaram Zaporizhzhia durante o dia. "Temos muito trabalho para analisar certos aspectos técnicos", ressaltou.

A AIEA quer "estabelecer uma presença contínua" no local, informou, sem dar maiores detalhes. "Pudemos visitar todo o local. Eu estive nas unidades [de reatores], vi o sistema de emergência e outros espaços, as salas de controle", acrescentou.

Grossi elogiou o pessoal ucraniano que continua trabalhando na usina, sob controle russo desde março. "Certamente que estão em uma situação difícil, mas têm um nível de profissionalismo incrível", declarou.

Ele também descreveu a "situação bastante difícil" enfrentada por sua equipe, que ouviu disparos durante o trajeto para a central e ao cruzar a linha de frente entre as tropas ucranianas e russas. "Houve momentos em que os disparos eram evidentes, de metralhadoras pesadas, artilharia, morteiros em duas ou três ocasiões. Ficamos muito preocupados", relatou Grossi.

Os inspetores entraram na área a partir das zonas controladas pela Ucrânia. Essa era uma condição de Kiev, por temer que a visita legitimasse a ocupação russa.

Os especialistas chegaram ao local apesar de terem ocorrido novos bombardeios pela manhã, que obrigaram a operadora ucraniana a desligar a rede elétrica de um dos seis reatores. "Esta foi a segunda vez nos últimos 10 dias que ações criminosas dos militares russos levaram ao fechamento da unidade", informou a Energoatom.


Brincando com fogo

"É hora de parar de brincar com fogo e tomar medidas concretas para proteger essa instalação e outras semelhantes de qualquer operação militar", declarou em Kiev o diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini. "O menor erro de cálculo poderia desencadear devastações que lamentaremos por décadas", acrescentou.

O Ministério da Defesa russo afirmou que dezenas de "sabotadores" do Exército ucraniano haviam cruzado em embarcações o rio Dnieper, que separa suas posições, a três quilômetros da central, e informou ter tomado "medidas para destruir o inimigo". Nada disso dissuadiu a equipe de inspetores.


Bombardeios em massa

O estado-maior do Exército ucraniano deu parte à noite de "bombardeios maciços" russos em torno de Kharkiv (nordeste), segunda maior cidade do país, bem como em Zaporizhia (sul) e em Kramatorsk, Bakhmut e Sloviansk (leste).

O boletim militar nada diz sobre a contraofensiva lançada nesta semana pelas tropas ucranianas no sul do país, especialmente na região de Kherson, uma das poucas grandes cidades que a Rússia conseguiu conquistar em mais de seis meses de ofensiva.

A ONG Human Rights Watch denunciou que as forças russas estão transferindo civis à força para áreas sob seu controle desde o começo da invasão à Ucrânia.

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