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Airbus e Air France serão julgadas em outubro por acidente do voo Rio-Paris em 2009

O voo fazia a rota Rio de Janeiro-Paris quando caiu perto do arquipélago de São Pedro e São Paulo

Resgate de peça do avião da AirFrance que caiu em 2009 perto do arquipélago de São Pedro e São PauloResgate de peça do avião da AirFrance que caiu em 2009 perto do arquipélago de São Pedro e São Paulo - Foto: Marinha do Brasil/divulgação/arquivo

Mais de 13 anos após o acidente do voo Rio-Paris que matou 228 pessoas, as companhias Airbus e Air France serão julgadas em Paris, de 10 de outubro a 8 de dezembro, por "homicídio culposo" - informou uma fonte judicial nesta quinta-feira (10).

Em 1º de junho de 2009, o voo AF447 que cobria a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no meio do Atlântico, matando 216 passageiros e 12 tripulantes.

A tragédia começou com a formação de gelo em pleno voo nas sondas Pitot da aeronave, o que levou à interrupção das medições de velocidade do Airbus A330 e desorientou os pilotos, até que o avião parasse.

As duas caixas-pretas do AF447 foram resgatadas após quase dois anos submersas a 3.900 metros de profundidade no local onde a aeronave afundou.

A investigação provocou uma verdadeira batalha entre especialistas para estabelecer as responsabilidades na queda da aeronave. 

Após dez anos de processo, os juízes de instrução encerraram o caso em 2019, argumentando que a investigação não permitiu estabelecer "uma violação culposa da Airbus, ou da Air France, em conexão (...) com as falhas de pilotagem (...) que provocaram o acidente".

Esta decisão inicial, que chocou famílias e sindicatos de pilotos, foi finalmente anulada em recurso em maio de 2021, abrindo caminho para este julgamento.

O Tribunal de Apelação de Paris considerou que a companhia aérea "se absteve de implementar um treinamento adequado (...) e de informar as tripulações" sobre a falha técnica encontrada, "o que impediu os pilotos de reagirem da maneira necessária", segundo uma fonte próxima ao caso.

A corte também considerou que a Airbus "subestimou a gravidade dos problemas nas sondas anemométricas (...) ao não tomar todas as medidas necessárias para informar as tripulações com urgência (...) e ajudá-las a treinar efetivamente", relatou a mesma fonte.

Considerado o gatilho para o desastre, o gelo nessas sondas estava no centro das batalhas de perícia. Acreditando que não haviam cometido "culpa criminal", a companhia aérea e o fabricante apelaram do encaminhamento para a corte correcional, mas o Tribunal de Cassação considerou esses recursos inadmissíveis em agosto passado.

Em 2012, a primeira perícia mostrou erros da tripulação, problemas técnicos e falta de informações dos pilotos no caso de congelamento das sondas, apesar dos incidentes anteriores relatados à empresa Airbus.

A fabricante pediu então uma segunda perícia, que se concentrou, principalmente, em uma "reação inadequada da tripulação" e nas deficiências da Air France.

Considerando este segundo relatório muito favorável à Airbus, parentes das vítimas e a companhia aérea recorreram à Corte de Apelação de Paris, atacando a "contra-perícia", que ordenou sua anulação e a reabertura da investigação. 

Estimando que não cometeram "culpa penal", a companhia aérea e a fabricante então apelaram do encaminhamento do caso para julgamento, o que foi rejeitado pelo Tribunal de Cassação.

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