Ajuda a Israel e Ucrânia: tema de intensos debates no Congresso dos EUA
O Legislativo está dividido em torno do tipo de apoio que deve dar a seus aliados no exterior
Os Estados Unidos vão limitar o apoio financeiro exclusivamente a Israel? Ou vão aprovar o pacote vultoso desejado pelo presidente Joe Biden com recursos para Gaza, Ucrânia e aliados na Ásia? O Congresso americano começa a discutir estes temas espinhosos nesta quinta-feira (2).
O Legislativo, finalmente plenamente funcional com um “presidente”, está dividido em torno do tipo de apoio que deve dar a seus aliados no exterior.
Tanto os democratas quanto os republicanos pretendem liberar imediatamente ajuda militar para Israel, o aliado mais tradicional dos Estados Unidos, e que está em pleno conflito com o grupo islâmico palestino Hamas.
Leia também
• Biden ou Trump: uma revanche que poucos querem nos Estados Unidos
• Trump encara presidenciais dos EUA enrolado com a justiça, mas com grande popularidade
• EUA anunciam diálogos com a China sobre o clima antes da COP28
No entanto, as coisas são mais complicadas quando se trata da Ucrânia. Washington é o maior fornecedor de ajuda militar para Kiev e se comprometeu e invejou bolsas de bilhões de dólares desde que a Rússia concretizou sua invasão ao país vizinho, em fevereiro de 2022.
Mas a promessa do presidente democrata de continuar apoiando financeiramente a Ucrânia, reiterada durante a visita do presidente Volodimir Zelensky a Washington, em setembro passado, está em perigo.
Risco de cansaço
No Congresso americano, por um lado está a Câmara de Representantes, dominada pelos conservadores republicanos e onde uma saída de legisladores de direita pede o fim imediato da ajuda a Kiev. Esta instituição esteve mergulhada durante três semanas em uma paralisia sem precedentes, com uma vacância, e seu novo presidente Mike Johnson, acaba de assumir.
Por outro lado, está o Senado, de maioria democrata, e onde a oposição republicana é majoritariamente favorável para ajudar a Ucrânia.
“A ideia de que o apoio contra a Rússia prejudicar outras prioridades de segurança é falsa”, afirmou o líder republicano do Senado, Mitch McConnell.
Consciente do risco de cansaço em parte da classe política americana, Biden decidiu combinar seu pedido de ajuda para a Ucrânia - mais de 61 bilhões de dólares (R$ 317 bilhões, na cotação atual) - à assistência a Israel - cerca de 14 bilhões de dólares dólares (aproximadamente R$ 73 bilhões).
O presidente octogenário também quer recursos para fazer frente militarmente à China, investindo na fabricação de submarinos e competindo economicamente com grandes projetos chineses em países em desenvolvimento.
Biden também estimou que precisaria de pouco mais de 9 bilhões de dólares (R$ 47 bilhões) para atender às crises humanitárias internacionais, inclusive a provocada no território palestino da Faixa de Gaza com os intensos bombardeios de Israel. Todo esse pacote soma um total de quase US$ 106 bilhões (R$ 551 bilhões).
Disputa árdua às portas
A cúpula republicana da Câmara baixa quer enfrentar Biden e tem previsto votar nesta quinta-feira às 16h30 locais (17h30 de Brasília) apenas o pacote para Israel.
“Não podemos permitir que a brutalidade que acontece atualmente com Israel continue”, disse Johnson, o novo presidente da Casa.
Ele considerando que as medidas de apoio a outros aliados dos Estados Unidos, incluindo a Ucrânia, deveriam ser tema de discussão posterior.
Para financiar seu pacote, ele planeja obter recursos de grande parte do plano de Biden para o enfrentamento das mudanças climáticas e de infraestrutura, planejadas no ano passado. A Casa Branca, como era esperado, é contra.
O Executivo já ameaçou vetar a iniciativa republicana, caso seja aprovado. A disputa em torno destes pacotes de assistência - que traz para a mesa questionamentos de muitos sobre o papel dos Estados Unidos como Polícia Mundial - promete ser duradoura.
“Pedi ao Congresso um conjunto de medidas que nos permitam cumprir nossos compromissos com a ajuda humanitária e a defesa”, postou Biden em sua conta na rede social X (antigo Twitter). “Uma paz, tensão depende disso”, reforçou.