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Al Jazeera tomará medidas legais 'até o fim' após fechamento de escritório em Israel

A rede também foi removida das operadoras de satélite e à cabo

Salah Negm, diretor de notícias da Al JazeeraSalah Negm, diretor de notícias da Al Jazeera - Foto: Karim Jaafar/ AFP

O diretor de notícias da Al Jazeera, Salah Negm, garantiu à AFP que o canal de televisão do Catar explorará todas as vias legais após o fechamento de seu escritório em Israel e irá "até o fim".
 

No domingo (5), o governo israelense decidiu fechar o escritório da Al Jazeera em Israel, o que levou à interrupção imediata de suas transmissões televisivas.

A decisão vale por um período renovável de 45 dias, segundo documentos oficiais.

"Os correspondentes da Al Jazeera violaram a segurança de Israel e incitaram a violência contra os soldados israelenses", declarou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

A ONU denunciou "qualquer decisão que faça retroceder a liberdade de imprensa", e diversos países, incluindo os Estados Unidos, principal aliado de Israel, também criticaram a deliberação.

"Se houver a possibilidade de contestar esta decisão, iremos até o fim", disse Negm na segunda-feira.

Pouco depois do anúncio do governo israelense, as autoridades apreenderam parte do material do canal, incluindo o seu equipamento de transmissão.

A rede também foi removida das operadoras de satélite e à cabo, e seus sites foram bloqueados.

"O equipamento que foi confiscado, a perda que sofremos ao interromper a nossa transmissão, tudo isso é objeto de ação legal", disse Negm, criticando uma decisão "digna da década de 1960 e não do século XXI".

Desde então, uma mensagem em hebraico que diz "Suspenso em Israel" aparece nas telas dos canais em árabe e em inglês da Al Jazeera.

 "Decisão arbitrária" 

A emissora condenou imediatamente a decisão, classificando-a como "criminosa" e afirmando na rede social X que a mesma "viola o direito humano de acesso à informação".

Salah Negm também observou o fechamento do escritório em Israel como uma "decisão arbitrária". No entanto, minimizou este impacto ao considerar que o canal possui outras fontes de informação.

A Al Jazeera continua operando na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, e na Faixa de Gaza, de onde continua transmitindo ao vivo a guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada em 7 de outubro após um ataque sem precedentes do grupo islamista em solo israelense.

"Sei que as pessoas que possuem um VPN [rede privada virtual] podem nos assistir online a qualquer momento", afirmou o diretor.

A decisão israelense foi anunciada após o Parlamento de Israel, o Knesset, ter votado em abril uma lei que proíbe a difusão em Israel de meios de comunicação estrangeiros que minem a segurança do Estado — um texto dirigido ao canal com sede no Catar —, o que permite ao primeiro-ministro proibir a transmissão e fechar escritórios.

A rede e o governo já haviam entrado em conflito após a morte da jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh durante uma operação israelense na Cisjordânia, em maio de 2022. A Al Jazeera acusa Israel de ser responsável por sua morte.

 Sofrimento e desconfiança 

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o escritório da Al Jazeera no território palestino foi bombardeado e dois de seus correspondentes morreram.

O chefe de escritório da emissora em Gaza, Wael Al Dahduh, ficou ferido em um ataque atribuído a Israel em dezembro, que matou um cinegrafista do canal.

"A Al Jazeera perdeu algumas pessoas, as suas famílias sofreram, o que é realmente diferente de outros conflitos neste sentido", lamentou Negm.

De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, uma organização com sede em Nova York, pelo menos 97 jornalistas foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, incluindo 92 comunicadores palestinos.

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