RIO DE JANEIRO

Alexandre de Moraes afirma que crime organizado realiza "corrupção institucionalizada" no Rio

Ministro do STF declarou que há influências de criminosos na política e no Judiciário

Alexandre de MoraesAlexandre de Moraes - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, nesta quinta-feira (7), que há uma "corrupção institucionalizada" no Rio de Janeiro, com influência do crime organizado na política e no Judiciário. Moraes afirmou que, para reverter essa situação, é preciso adotar a mesma estratégia utilizada para combater a corrupção em empresas estatais.

— O tráfico de drogas não é só um problema de drogas. O tráfico de drogas é um problema de corrupção nas polícias, de corrupção nos ministérios públicos, de corrupção no Poder Judiciário. No mínimo corrupção por omissão. E corrupção nas Assembleias Legislativas, governo de estado. Ninguém aqui acha que é possível tráfico de drogas, vamos pegar o estado do Rio de Janeiro, milícias, o crime organizado crescer tanto, se não houver uma corrupção institucionalizada, se não houver o avanço do crime organizado nessa corrupção — afirmou.

Moraes participou de um evento no Ministério Público Federal (MPF) em alusão ao Dia Internacional Contra a Corrupção, que será celebrado no próximo sábado.

O ministro do STF ressaltou que outros estados, como São Paulo, também têm um crime organizado forte, mas que a situação é diferente da encontrada no Rio de Janeiro.

— São Paulo tem uma criminalidade organizada forte, o PCC. Mas qual a grande diferença em relação, seja a São Paulo, seja outros estados, em relação à criminalidade organizada no estado do Rio de Janeiro? É que a criminalidade organizada está infiltrada institucionalmente em vários órgãos. Isso é a verdadeira corrupção — disse, acrescentando depois: — Como é possível tantos fuzis chegaram no alto de um morro no Rio de Janeiro se não houver corrupção? É algo absolutamente impossível.

Para Moraes, as mesmas técnicas de investigações utilizadas contra a corrupção deveriam ser utilizadas contra crimes contra tráfico de drogas, milícias e jogo do bicho:

— Por que não utilizarmos os mecanismos que foram utilizados no combate à corrupção, que se tornava sistêmica em empresas estatais, porque não utilizarmos esses mesmos mecanismos legais, essa mesma visão de investigação, em relação ao tráfico, em relação às milicas, em relação ao vergonhoso jogo do bicho? Jogo do bicho é uma criminalidade organizada que tem nas costas centenas de homicídios.

O ministro ressaltou, no entanto, que é preciso aumentar a segurança de membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, porque a reação do crime organizada é violenta.

Avanço da extrema-direita
Moraes também fez referência à Operação Lava-Jato, dizendo que o combate à corrupção criou um "vácuo" no mundo político, que permitiu a ascensão da "extrema-direita" — uma referência indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

— Chegamos a um ponto em que a corrupção perdeu a vergonha na cara, naquele momento do mundo político. E o combate, todos os sistemas preventivos falharam, o combate à corrupção acabou criando um vácuo muito grande e esse vácuo gerou uma polarização, o ódio e o surgimento, não só no Brasil, de uma extrema-direita com sangue nos olhos e antidemocrática.

O ministro ainda brincou que estava "exilado" do MPF por não ter ido ao local nos últimos quatro anos. O período coincide com a gestão na Procuradoria-Geral da República (PGR) de Augusto Aras, com quem Moraes teve embates,

— Sob o risco de poder ser vaiado e ficar mais quatro anos sem ser convidado aqui...Eu estava no exílio, não queria dizer, eu estava no exílio, há quatro anos que eu não aparecia aqui. Agora voltei, daqui há quatro anos eu volto — disse o magistrado, aos risos.

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