Aliada de Correa e filho de bilionário disputam 2º turno no Equador: veja quem são os candidato
Luisa González e Daniel Noboa foram os mais votados na eleição de domingo, após um primeiro turno marcado pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio
A eleição presidencial no Equador terá 2º turno, após uma primeira fase marcada por violência política, incluindo o assassinato do candidato Fernando Villavicencio. Em 15 de outubro, os eleitores terão que escolher entre a candidata do partido do ex-presidente Rafael Correa, Luisa González, a mais votada no último domingo, com 33% dos votos, e o empresário Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do país, que surpreendeu ao conquistar 24% dos votos.
Após uma votação que ocorreu em clima de muita tensão e com um esquema de segurança inédito, com policiais e militares controlando o acesso aos locais de votação e candidatos vestido coletes à prova de balas. Apesar disso, não foram registrados incidentes mais sérios ao longo do dia, algo corroborado pelas autoridades locais. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a eleição de domingo (20) teve uma taxa de participação de 82%.
Ainda de acordo com os números do Conselho Nacional Eleitoral, Christian Zurita, que concorreu na chapa que era de Fernando Villavicencio, assassinado no dia 9 de agosto, ficou na terceira posição, com 16% dos votos. Jan Topic, ex-paraquedista apelidado de "Rambo" por conta de seu discurso de combate à criminalidade, ficou em quarto lugar, com 14% dos votos.
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Socialista antiaborto
A advogada Luisa González, de 45 anos, é a aposta do partido Revolución Ciudadana, movimento do ex-presidente Rafael Correa, para voltar ao poder no Equador. Favorita nas sondagens, graças ao melhor momento do correísmo nos últimos anos, foi a única mulher na disputa.
González ocupou uma série de cargos públicos, todos durante os governos de Rafael Correa, e é uma grande defensora do ex-presidente, que atualmente vive na Bélgica e não pode retornar ao país sob risco de ser preso, em razão de sentenças por corrupção. Em entrevista ao El País, a candidata disse que, se eleita, Correa seria seu principal assessor "virtualmente".
Embora seja a candidata da esquerda, González segue uma agenda conservadora sobre o aborto, defendendo a proibição da interrupção da gravidez, incluindo em casos de estupro. Como deputada, ela costumava comparecer ao plenário da Assembleia com um lenço azul, que é usado por movimentos ultraconservadores que se autodenominam pró-vida.
Herdeiro político
Aos 35 anos, Daniel Noboa está a um passo de realizar o sonho do pai, o bilionário empresário da indústria bananeira Álvaro Noboa, candidato que mais vezes disputou eleições presidenciais no Equador (cinco vezes, três das quais conseguiu chegar ao segundo turno).
A carreira política do jovem Noboa começou em 2021, quando conquistou uma cadeira na Assembleia Nacional. A sua vida empresarial começou antes, aos 18 anos, quando fundou a sua própria empresa, a DNA Entertainment Group, que se dedica à organização de eventos. Desde 2010 começou a trabalhar nas empresas do seu pai, a Corporación Noboa.
Noboa não era apontado pelas pesquisas como um dos principais candidatos neste pleito. Talvez por isso, durante o último debate presidencial televisionado, ele tenha conseguido falar sobre suas propostas, incluindo o combate à criminalidade e o fortalecimento das instituições de justiça e segurança do país sem se envolver em confrontos diretos ou responder acusações.
Daqui para frente, no entanto, isso deve mudar, e detalhes de sua vida pessoal, como acusações de maus-tratos de sua ex-mulher, Gabriela Goldbaum, devem entrar na pauta da discussão. Em 2019, ela também acusou o candidato de não respeitar os acordos de visitas da filha dos dois.