Aliado de Putin adotou bebê sequestrada de orfanato da Ucrânia, diz BBC; político nega
Junto com a esposa, Sergei Mironov também teria alterado o nome da criança, que atualmente tem 2 anos
Um dos mais destacados aliados do presidente Vladimir Putin, Sergei Mironov, negou veementemente nesta quinta-feira uma reportagem que o aponta como pai adotivo de uma bebê sequestrada de um orfanato ucraniano. A reportagem, publicada pela rede britânica BBC, afirma que o nome do político consta do registo de adoção de uma menina, atualmente com 2 anos, que havia sido visitada pela própria mulher dele em 2022.
De acordo com a emissora britânica, Mironov foi "nomeado no registro de adoção de uma menina de dois anos que foi levada em 2022 por uma mulher com quem ele é casado agora", identificada como Inna Varlamova.
Ao se defender, Mironov chamou a investigação de uma "falsidade histérica desencadeado pelos serviços especiais ucranianos e seus curadores ocidentais". Sem comentar detalhes específicos do relatório, ele afirmou que era um "ataque de informação" projetado para "desacreditá-lo".
Citando documentos russos e ucranianos, a publicação afirma que a criança, cujo nome original é Margarita, estava desaparecida desde que soldados da Rússia tomaram o controle da cidade de Kherson. Além dela, ao menos 47 crianças desapareceram do Lar Regional para Crianças, localizado nessa região.
A Rússia foi acusada de deportar à força milhares de crianças ucranianas de escolas, hospitais e orfanatos em partes do país controladas por suas forças.
Leia também
• Chanceler alemão exige que Putin ponha fim à guerra na Ucrânia em cúpula virtual do G20
• Putin diz que há "sabotagem" em decisões da ONU; Xi Jinping pede cessar fogo imediato em Gaza
• Putin participará da cúpula virtual do Brics sobre o conflito israelense-palestino
O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra Putin e sua comissária para a infância pelo "crime de guerra de deportação ilegal e transferência" de crianças da Ucrânia para a Rússia.
Mironov, de 70 anos, lidera um partido pró-Kremlin no Parlamento russo. Ele passou uma década como chefe do Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento russo, um cargo-chave na formulação da agenda legislativa do governo russo. Ele ainda é defensor da campanha militar contra a Ucrânia e foi agraciado com honrarias por Putin.
Segundo a BBC, a criança que Mironov supostamente adotou teve ainda a identidade alterada após ser levada para a Rússia.
Crianças desaparecidas
Das 48 crianças sequestradas no ano passado, apenas uma foi devolvida desde então, de acordo com comunicado do Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia divulgado na quinta-feira.
Além disso, o órgão acrescentou que uma investigação criminal estava em andamento sobre a "deportação ilegal de 48 crianças" de um orfanato em Kherson e que três suspeitos haviam sido identificados: um membro (cujo nome não foi revelado) do Parlamento russo, o chefe instalado pela Rússia do Ministério da Saúde regional e o médico-chefe interino do orfanato.
Kyiv afirma ter identificado cerca de 20 mil crianças que foram levadas para a Rússia depois que suas forças lançaram uma campanha militar em larga escala em fevereiro de 2022 — menos de 400 delas foram devolvidas.
O chefe do escritório presidencial da Ucrânia, Andriy Yermak, fez alusão ao caso em uma postagem nas redes sociais na quinta-feira:
"A adoção de uma criança ucraniana por um oficial russo contradiz a narrativa de "retirada temporária" de crianças ucranianas por supostas razões de "segurança" "disse ele. A inconfundível intenção de remover permanentemente crianças ucranianas de sua pátria não deixa espaço para dúvidas: é um crime de guerra.
Moscou, por sua vez, não negou o deslocamento de milhares de crianças ucranianas para a Rússia, mas alega que o fez para protegê-las.