Aliança de esquerda anuncia candidato para presidir a câmara baixa do Parlamento francês
Nome do comunista André Chassaigne, de 74 anos, foi anunciado pela Nova Frente Popular na véspera da votação; ainda não há consenso, porém, para o posto de primeiro-ministro
A Nova Frente Popular (NFP), aliança de esquerda francesa que ganhou as eleições legislativas antecipadas, concordou nesta quarta-feira com um candidato comum para presidir a Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento.
O nome do comunista André Chassaigne, de 74 anos, foi anunciado pelos grupos da coalizão na véspera da votação.
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Chassaigne era um dos cinco candidatos em disputa dentro do NFP, ao lado de Boris Vallaud (Partido Socialista), Cyrielle Chatelain (Ecologista), Mathilde Panot e Eric Coquerel ( França Insubmissa). Agora, ele enfrentará a macronista Yaël Braun-Pivet, presidente cessante da câmara, e o centrista Charles de Courson, do grupo independente Liot.
Em declarações à imprensa junto de outros líderes dos grupos de esquerda, o deputado destacou a “legitimidade” da Nova Frente Popular para “presidir a Assembleia” após sua vitória no segundo turno das eleições legislativas de 7 de julho.
Ao jornal La Montagne, ele afirmou que os debates para a escolha do candidato foram “muito respeitosos” e pontuou que cada candidato da aliança “tem seus pontos fortes”.
— Eu tenho uma boa experiência, acho que sou apreciado e respeitado, e na minha idade, não tenho ambições políticas. A questão política é extremamente forte em torno desse cargo, pois a Presidência determinará necessariamente quem é a maioria e quem é a oposição.
Governo fragmentado
O presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou antecipadamente as legislativas após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.
Embora a estratégia tenha funcionado, as eleições resultaram num Legislativo fragmentado, com três grupos (direita, esquerda e centro) com representações relevantes, mas sem um governo de maioria.
A NFP, a aliança de esquerda que inclui socialistas, comunistas, ecologistas e a esquerda radical da França Insubmissa, ficou em primeiro lugar com 193 deputados, à frente da aliança de centro-direita de Macron (164 cadeiras) e da extrema-direita (143).
Enquanto isso, as negociações para acordar um candidato único da NFP ao cargo de primeiro-ministro continuam estagnadas. Nesta terça-feira, Macron aceitou a renúncia do premier Gabriel Attal, embora tenha afirmado que ele permanecerá à frente do governo do país de maneira interina.
A situação pode durar “algum tempo”, segundo o mandatário francês, provavelmente até o final dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam em 26 de julho e terminam em 11 de agosto.
Segundo comunicado emitido pelo gabinete de Macron, Attal e outros membros do governo estão “encarregados de lidar com assuntos correntes até que um novo governo seja nomeado”.
Não há um prazo definido para o presidente nomear um novo primeiro-ministro. A nota do mandatário afirmou que, “para que esse período termine o mais rápido possível, cabe a todas as forças republicanas trabalharem juntas”.
A lógica institucional diz que o presidente da República deve nomear um primeiro-ministro do partido que venceu as eleições, mas nenhum grupo político hoje pode reivindicar a maioria absoluta.
A aliança de esquerda NFP ganhou o maior número de assentos, mas ainda não está claro quem será o indicado – tampouco qual partido dentro do bloco será escolhido.
A falta de um nome tem sido vista como um sinal potencial das divisões internas da coalizão ampla – e possivelmente frágil.
A França Insubmissa ganhou o maior número de assentos dentro do NFP, mas os aliados de Macron disseram que não trabalharão com o líder do partido, o populista Jean-Luc Mélenchon. Eles afirmam que o político é “extremo” e, portanto, inapto para governar.
Ao mesmo tempo, a França Insubmissa também suspendeu as negociações com integrantes da coalizão nesta segunda-feira, acusando os Socialistas de “sabotarem” as candidaturas para substituir Attal.
Segundo publicado pela Associated Press, o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse nesta terça-feira que o bloco de esquerda precisa “pensar, conversar e retomar as discussões” se quiser atender “à expectativa do público” e cumprir sua promessa de que “está pronta para governar”.
Ele reconheceu que as longas discussões e brigas públicas entre os líderes dos partidos da aliança não são bem-vistas.
Macron já anunciou que deseja esperar para ver como ficará estruturada a Assembleia Nacional para decidir quem nomeará como novo primeiro-ministro.
Attal, por sua vez, já havia antecipado estar disposto a continuar “enquanto o dever exigir”. A nova legislatura começará nesta quinta, dia da eleição do novo presidente da Assembleia Nacional.