Alimentos regionais e veto aos ultraprocessados: nutricionista avalia a nova cesta básica
Feijões, legumes, especiarias e chás fazem parte dos 10 grupos que compõe a nova cesta
O governo federal publicou um decreto criando a "nova cesta básica". A decisão faz parte de um pacote de ações voltadas à segurança alimentar e combate à fome anunciado pelo presidente Lula nesta semana. Segundo as novas regras, a cesta precisa ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados, além de ingredientes culinários.
No caso dos alimentos processados, o decreto afirma que eles poderão ser adicionados à cesta básica apenas de forma excepcional, será necessária uma autorização do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social.
Já os alimentos ultraprocessados, como bolachas recheadas e salsichas, produzidos com aditivos alimentares — como corantes e aromatizantes — estão impedidos de serem incluídos na cesta básica.
O governo divulgou uma lista com os 10 grupos de alimentos que passam a integrar a cesta básica. São eles:
Feijões: Ervilha, lentilha, grão-de-bico
Cereais: Arroz branco ou integral, macarrão, milho, aveia, farinhas de milho, trigo e de outros cereais, pães.
Raízes e tubérculos: Batata, mandioca, inhame
Legumes e verduras: alface, abóbora, agrião, alho-poró
Frutas: abacaxi, laranja, limão, banana
Castanhas e nozes (oleaginosas): amendoim e castanhas
Carnes e ovos: carnes, ovos, atum
Leites e queijos: iogurte e diferentes tipos de queijo
Café, chá, mate e especiarias: chá, café, noz-moscada, coentro
— Além dos 13 alimentos que já englobavam a cesta básica, o governo ampliou e categorizou os alimentos para que cada estado regionalizasse a sua própria cesta, por isso a lista é grande, mas o mais interessante é a necessidade de autorização dos alimentos processados. Não havia uma regulamentação em relação a isso, os governos de cada estado poderiam adicionar alimentos, além dos 13 essenciais. Essa autorização é um impeditivo para incluir, por exemplo, macarrão instantâneo e bolacha recheada, que pode auxiliar no aumento da desnutrição e obesidade — afirma a nutricionista e colunista do Globo, Priscilla Primi.
A especialista ainda afirma que a nova cesta básica é bem distribuída, com uma maior oferta de carboidratos, seguida de proteínas e gorduras boas como castanhas e nozes, além da gordura de preparar os alimentos, como os óleos e a manteiga.
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Alimentos ultraprocessados
Os alimentos ultraprocessados, como refeições prontas, salgadinhos, biscoitos e refrigerantes, têm sido alvo crescente de estudos que buscam avaliar o impacto de seu baixo teor nutricional na saúde humana. Agora, uma nova revisão de 45 trabalhos feitos sobre o tema, publicada nesta quarta-feira na revista científica The BMJ, mostra que existe uma associação entre as comidas e um risco aumentado para 32 agravos de saúde diferentes.
Ao todo, os estudos analisados acompanharam quase 10 milhões de indivíduos. Os cientistas afirmam que há evidências convincentes de que a ingestão de alimentos ultraprocessados está associada a um risco aumentado de 50% de morte relacionada a doenças cardiovasculares; 53% de transtornos mentais comuns e 48% de ansiedade prevalente.
Dados sólidos também mostraram um risco 12% maior de diabetes tipo 2 a cada 10% de aumento dos ultraprocessados na dieta. Evidências mais fracas, porém consideradas altamente sugestivas, indicaram uma chance 20% maior de morte por qualquer causa, 55% de obesidade, 41% de problemas de sono, 40% de chiado no peito e 20% de depressão.
A revisão constatou ainda que há estudos apontando uma associação com asma, pior saúde gastrointestinal, alguns tipos de câncer e fatores de risco cardiometabólicos, como níveis elevados de gordura no sangue e baixos níveis de colesterol “bom”. No entanto, de forma menos consistente que demanda mais avaliação.