Logo Folha de Pernambuco

eris

Alta da Covid: nova variante é detectada em ao menos 3 estados; saiba o que fazer para se proteger

Brasil teve crescimento na taxa de positivos para a doença em agosto

Teste de Covid-19Teste de Covid-19 - Foto: Julien de Rosa / AFP

O Brasil vive uma nova alta de casos da Covid-19 atribuída por especialistas a uma nova versão do vírus, a subvariante EG.5 da Ômicron, apelidada de Eris. Ela foi identificada no país no meio de agosto, mas antes mesmo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já cogitava que a linhagem poderia estar circulando devido ao avanço nos outros países.

Isso porque a intensidade e a frequência do monitoramento genômico, que é a análise periódica de amostras do vírus para identificar as variantes em circulação, caiu consideravelmente no Brasil e no mundo desde que a pandemia deixou de ser uma emergência de saúde pública.

Ainda assim, ao menos dois estados brasileiros e o Distrito Federal já registraram casos da Eris. O primeiro foi São Paulo, no último dia 17, em uma paciente de 71 anos que teve sintomas de febre, tosse, fadiga e dor de cabeça. O diagnóstico foi confirmado pelo Ministério da Saúde.

No último dia 30, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, informou que o Laboratório de Vigilância Genômica da Fiocruz identificou um caso na capital fluminense. O paciente não tinha histórico de viagem, o que, segundo Soranz, constata transmissão local do vírus.

No dia seguinte, o Núcleo de Enfrentamento e Estudos de Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da UFRJ, em conjunto com o Laboratório de Virologia Molecular (LVM) da universidade, afirmou ter detectado a Eris em dois casos, coletados de indivíduos de uma mesma família que tiveram febre e sintomas respiratórios uma semana depois que voltaram da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Já a Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) disse que o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) confirmou, no dia 30, a variante em uma amostra de um bebê da faixa etária de zero a dois anos que chegou a ser internada, mas já recebeu alta. Outros estados informaram ao Globo não terem registros ainda.

O avanço da Eris ocorre em paralelo a uma alta da Covid-19. Oficialmente, segundo dados do Ministério, os casos no Brasil cresceram 16% nas últimas duas semanas. Entre 6 e 12 de agosto, foram 11.332 diagnósticos no país, número que cresceu para 13.161 do dia 20 ao 26.

No entanto, especialistas afirmam que a alta pode ser mais expressiva na realidade, já que muitas pessoas deixaram de buscar os testes ao sentirem sintomas respiratórios. Quando analisada a positividade, por exemplo, – que é a proporção de exames realizados que dão positivo – a taxa saltou 118,6%.

Enquanto no início do mês 7% dos testes feitos pelo país indicavam a doença, hoje 15,3% deles confirmam um caso da Covid-19. Os dados são do levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS).

Casos graves de Covid vão aumentar?

Ainda assim, as mortes seguem estáveis, tendo oscilado entre 103 e 157 por semana no último mês. Entre os dias 20 e 26 de agosto, foram 143 óbitos no Brasil. Já no ano passado, a última semana de agosto contabilizou sozinha 970 mortes. No período mais letal da crise sanitária, em abril de 2021, houve uma semana em que o Brasil registrou 21,1 mil óbitos pela Covid-19.

— Esperamos uma nova onda de casos, já que a variante EG.5 é bastante transmissível. Porém, sem um grande impacto para o sistema de saúde, porque ela não parece causar doença mais grave. No entanto, é crucial que mantenhamos uma vigilância atenta — explica o infectologista do Instituto Emílio Ribas Leonardo Weissmann, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

No último dia 9, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu uma avaliação de risco sobre a sublinhagem, destacando que, baseado na evidência disponível, o risco é baixo, semelhante ao das cepas anteriores. “Não houve nenhuma alteração relatada na gravidade da doença até o momento”, disse.

Segundo a organização, desde que foi detectada pela primeira vez, ainda em fevereiro, a EG.5 chegou em ao menos 51 países. Ela é mais uma das múltiplas versões da Ômicron, que têm se disseminado e substituído umas às outras sucessivamente desde o início do ano passado.

Por isso, a expectativa é que as vacinas bivalentes, cuja parte da formulação é direcionada para a Ômicron, continuem a oferecer alta proteção contra desfechos graves causados pela nova variante.

— Com a vacina bivalente, temos uma imunidade especializada. E como essas variantes têm similaridades, temos uma preservação da resposta imune, especialmente na celular, pelos linfócitos T. Esse tipo de resposta é muito importante para a prevenção da doença grave e acaba sendo menos impactado pelas mutações — explica a imunologista e doutora em Biociências e Fisiopatologia, Letícia Sarturi.

O problema, porém, é que a cobertura com a dose bivalente está baixa no Brasil, e pouco avançou desde que começou a ser distribuída, no fim de fevereiro. Disponível nos postos de saúde, apenas 15,9% da população se imunizou no país. Para os demais, o risco é elevado.

— As doses iniciais foram importantes para as variantes que circulavam naquele momento. Mas a partir da chegada da Ômicron vimos a necessidade da atualização do imunizante e dos novos reforços. Diante desse quadro de novas variantes aparecendo, é muito importante estarmos com a bivalente em dia. Inclusive, indivíduos que forem reinfectados e não receberam a bivalente estão mais suscetíveis a uma infecção mais grave, a uma hospitalização — alerta Sarturi.

Além da vacinação, especialistas orientam que o indivíduo busque a testagem em caso de sintomas respiratórios, e utilize a máscara enquanto aguarda o resultado. EM caso positivo, deve cumprir as orientações de isolamento para evitar a disseminação do vírus.

A recomendação também continua a ser para que grupos de risco, como idosos, imunossuprimidos e gestantes, considerem o uso da proteção facial em locais fechados, mal ventilados ou com aglomerações.

Confira as 5 principais medidas de proteção para a Covid:

Completar o esquema vacinal com a dose bivalente, que amplia a proteção contra a Ômicron;

Imunizar bebês, crianças e adolescentes. Hoje a vacina está disponível no Brasil para todos a partir de seis meses de idade;

Fazer o teste da Covid-19 se estiver com sintomas gripais, como coriza, nariz entupido, espirros e tosse;

Em caso de sintomas, utilizar máscara enquanto não sair o resultado e, se der positivo, cumprir as orientações de isolamento;

Grupos vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e gestantes, considerarem o uso de máscaras em locais de maior risco, como fechados, com aglomeração e mal ventilados.

Veja também

Todos os hospitais de Gaza irão reduzir ou cessar atividades por falta de combustível
Guerra no oriente médio

Todos os hospitais de Gaza irão reduzir ou cessar atividades por falta de combustível

Anvisa aprova vacinas da Covid atualizadas para cepa JN.1
BRASIL

Anvisa aprova vacinas da Covid atualizadas para cepa JN.1

Newsletter