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SAÚDE

Amamentação x mamadeira: o que acontece quando os bebês são alimentados de forma diferente?

Estudo descobriu que a amamentação mais longa e exclusiva está significativamente associada a um melhor desenvolvimento social e de linguagem

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Um novo estudo liderado por cientistas do KI Research Institute em Israel confirma o que muitos pais esperam ouvir: amamentar bebês por pelo menos seis meses parece impulsionar seus resultados de desenvolvimento.

O estudo publicado na revista científica JAMA Network Open mostrou que crianças que são amamentadas por períodos mais longos durante a infância apresentam menos atrasos no desenvolvimento e um risco reduzido de condições neurodesenvolvimentais, incluindo transtornos como autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

Para checar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de saúde de 570.532 crianças israelenses, incluindo quase 38 mil pares de irmãos. Essa é uma das maiores investigações sobre amamentação e desenvolvimento já conduzidas.

 

O estudo combinou exclusivamente registros de exames de rotina de desenvolvimento de clínicas de saúde materno-infantil de Israel com dados de invalidez do seguro nacional, permitindo que os pesquisadores rastreassem tanto a conquista de marcos de desenvolvimento quanto as condições diagnosticadas. Eles compararam irmãos dentro das mesmas famílias que tiveram experiências diferentes de amamentação, mas que compartilhavam genes e ambiente doméstico.

Esse design controlou fatores familiares como inteligência e envolvimento dos pais, que frequentemente confundem os resultados em outros estudos.

Os resultados mostraram que crianças amamentadas exclusivamente por pelo menos seis meses tiveram 27% menos probabilidade de atrasos no desenvolvimento em comparação com aquelas amamentadas por períodos mais curtos. Mesmo crianças que receberam leite materno e fórmula por seis meses ou mais mostraram uma redução de 14%.

Ao examinar irmãos com diferentes históricos de amamentação, aqueles que amamentaram por mais tempo tiveram 9% menos chances de atrasos em marcos e 27% menos chances de condições neurodesenvolvimentais em comparação com irmãos que amamentaram por períodos mais curtos ou não amamentaram.

Os benefícios permaneceram mesmo após considerar vários fatores, incluindo duração da gravidez, peso ao nascer, educação materna, renda familiar e depressão pós-parto.

As vantagens pareciam mais notáveis no desenvolvimento social e da linguagem — áreas cruciais para o sucesso escolar e a formação de amizades. As habilidades motoras também melhoraram, embora de forma menos drástica. Bebês prematuros, que normalmente enfrentam maiores riscos de desenvolvimento, pareciam se beneficiar ainda mais da amamentação prolongada do que bebês nascidos a termo.

Para os pais que lutam com as escolhas de amamentação, há notícias tranquilizadoras. Quando os pesquisadores examinaram especificamente irmãos que amamentaram por pelo menos seis meses — um exclusivamente com leite materno e outro recebendo alguma fórmula como complemento — a amamentação exclusiva não mostrou uma vantagem adicional significativa. Isso indica que manter alguma amamentação por mais tempo pode ser mais importante do que evitar a fórmula completamente.

O mecanismo biológico para esses benefícios pode estar relacionado aos efeitos do leite materno no desenvolvimento do cérebro. Pesquisas anteriores mostraram diferenças na estrutura cerebral entre bebês amamentados e alimentados com fórmula. Alguns cientistas acreditam que esses benefícios podem funcionar por meio de efeitos no microbioma intestinal do bebê, que se conecta ao desenvolvimento do cérebro por meio do que é conhecido como eixo intestino-cérebro.

Os pesquisadores acreditam que esses resultados podem ajudar a orientar não apenas os pais, mas também as iniciativas de saúde pública destinadas a dar às crianças o melhor início de desenvolvimento possível. Apesar dos resultados, eles enfatizam que embora a amamentação esteja ligada a um melhor desenvolvimento, é apenas um dos muitos fatores que moldam o crescimento de uma criança. Eles observaram que identificar fatores mutáveis como nutrição é essencial para ajudar cada criança a atingir seu potencial.

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