Ação penal

Amazonas: Justiça aceita denúncia por ocultação dos corpos de Dom e Bruno

Ação aberta pela Justiça Federal do Amazonas envolve sete homens que teriam ajudado a destruir e ocultar os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips

Dom Phillips e Bruno PereiraDom Phillips e Bruno Pereira - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Leia também

• Ministério promove atos em memória a Bruno Pereira e Dom Phillips

• Viúva e amigos criam instituto em homenagem a Dom Phillips

• Lula faz homenagem póstuma a Bruno Pereira e Dom Phillips

A Justiça Federal no Amazonas aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e abriu uma ação penal contra sete homens que teriam ajudado a destruir e ocultar os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

A decisão torna réus Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, apontados como assassinos, e outros cinco suspeitos. Eles vão responder por ocultação de cadáver e por terem convencido um menor de idade a ajudar a esconder os corpos de Bruno e Dom.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Amarildo da Costa e Jefferson da Silva, que ainda não se manifestou, e busca contato com os advogados dos demais réus.

Denúncia do Ministério Público Federal
A denúncia foi oferecida em abril, após os interrogatórios dos réus e de testemunhas.

O juiz Lincoln Rossi da Silva Viguini, da Vara Federal de Tabatinga, no Amazonas, considerou que há elementos suficientes para a abertura do processo criminal.

"Reputo demonstrada a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da circunstanciada exposição dos fatos e descrições das condutas de cada denunciado", escreveu o magistrado do Amazonas em despacho no último dia 10.

Veja quem são os denunciados e os crimes imputados:
- Amarildo da Costa Oliveira, o"Pelado" - corrupção de menores;

- Jefferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha" - corrupção de menores;

- Francisco Conceição de Freitas, o "Seu Chico" - ocultação de cadáver;

- Eliclei Costa de Oliveira, o "Sirinha" - ocultação de cadáver e corrupção de menores;

- Amarílio de Freitas Oliveira, o "Dedei" - ocultação de cadáver e corrupção de menores;

- Otávio da Costa de Oliveira, o "Guerão" - ocultação de cadáver e corrupção de menores;

- Edivaldo da Costa de Oliveira - ocultação de cadáver e corrupção de menores.

Lembre o caso
Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho de 2022, durante uma viagem na Amazônia. Os restos mortais só foram encontrados dez dias depois. A perícia concluiu que eles foram mortos a tiros, esquartejados, queimados e enterrados na região do Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas.

Três pescadores foram presos na fase inicial da investigação. Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados; o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha. Todos teriam participado diretamente do crime e serão levados a júri popular

Além dos três acusados, no fim de janeiro de 2023, a Polícia Federal apontou Rubem Dario da Silva Villar, o Colômbia, como o mandante dos assassinatos. Ele está preso e é investigado por pesca ilegal, contrabando e tráfico de drogas.

Sob encomenda
O crime teria sido encomendado porque o trabalho de Bruno Pereira, que treinava indígenas para fiscalização e vigilância do território, e de Dom Phillips, que documentava a região, estava causando prejuízo financeiro ao esquema de pesca clandestina.

Um segurança particular do traficante foi preso em dezembro de 2023. E Jânio Freitas de Souza, seu principal comparsa, detido pela Polícia Federal em janeiro.

Autoridades também vinham sendo investigadas, em um inquérito apartado, por suspeita de omissão na fiscalização e segurança dos indígenas no Vale do Javari. A Polícia Federal chegou a indiciar o ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Marcelo Xavier, que comandou o órgão no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com a palavra, os citados
A reportagem entrou em contato com a defesa de Amarildo da Costa e Jefferson da Silva, que ainda não se manifestou, e busca contato com os advogados dos demais citados. O espaço está aberto para manifestação.

 

Veja também

Congressistas dos EUA pedem combate à desinformação na América Latina
EUA

Congressistas dos EUA pedem combate à desinformação na América Latina

Chefe do ELN diz que diálogos na Colômbia podem seguir apesar de confrontos
Colômbia

Chefe do ELN diz que diálogos na Colômbia podem seguir apesar de confrontos

Newsletter