América Latina tem recordes de mortes diárias por Covid-19; Europa relaxa medidas
Com os novos números, o Brasil totaliza 32.548 mortes e teme-se que nos próximos dias supere a Itália como o terceiro país com mais óbitos na pandemia.
O novo coronavírus segue castigando a América Latina, onde o Brasil e o México registraram nesta quarta-feira (3) recordes de mortes diárias, enquanto a Europa avança na flexibilização das restrições, com a reabertura de fronteiras na Itália a viajantes do continente. A situação preocupa na América Latina, onde foram registrados 1,1 milhão de contágios e 57.500 falecidos.
O Brasil, com 210 milhões de habitantes, registrou um recorde de 1.349 mortes pelo coronavírus em 24 horas, segundo cifras oficiais atualizadas. O país é o mais castigado pela Covid-19 na América Latina.
Com os novos números, o Brasil totaliza 32.548 mortes e teme-se que nos próximos dias supere a Itália como o terceiro país com mais óbitos na pandemia.
Além disso, com 584.016 casos confirmados, o Brasil tem o segundo maior número de infecções no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, embora devido à falta de testes especialistas acreditem que as cifras sejam muito superiores.
O ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, descreveu em entrevista à AFP a complexidade da situação: "Temos várias curvas", disse ele, que foi o segundo homem do ministério comandado por Luiz Henrique Mandetta, exonerado em abril pelo presidente Jair Bolsonaro em plena crise sanitária.
Enquanto no norte e no nordeste do país, "tem locais como Manaus, Belém e Fortaleza, em que já passou o pico; alguns estão no platô e outros estão na fase descendente", enquanto a pandemia "ainda não começou" em localidades do sul, fronteiriças com Argentina, Uruguai e Paraguai.
Na Bahia, com mais de 21.000 casos e 700 óbitos, vigora desde esta quarta-feira um toque de recolher noturno em 19 municípios do sul do estado para conter a propagação do vírus.
A alternativa, segundo o governador, Rui Costa, é "um grande número de mortes".
Uma vacina para a COVID-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca será testada em junho com 2.000 voluntários brasileiros.
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Economias em queda, contágios em alta -
Assim como no resto do mundo, a crise atingiu a maior economia latino-americana: a produção industrial brasileira despencou 18,8% em abril.
Diante da queda, o estado de São Paulo retomou as vendas em centros comerciais, e no Rio de Janeiro foram liberadas a idas a locais de culto e a prática de esportes aquáticos.
Enquanto isso, o México, que segue o Brasil em número de mortes na região, registrou nesta quarta-feira mais de 1.000 falecidos em um dia, embora as autoridades tenham esclarecido que a cifra corresponde às mortes em vários dias. Assim, o total chegou a 11.729, com 101.238 infectados, enquanto o pais retoma as atividades após o confinamento.
Outro país que tenta avançar frente ao desastre econômico é a Venezuela, onde bancos e negócios privados abriram as portas.
"O coronavírus não é brincadeira (...), mas havia a necessidade de trabalhar", disse Rubén Castillo, gerente de uma sapataria em Caracas.
No Equador, a capital, Quito, também começou lentamente o retorno à normalidade após 11 semana.
Enquanto isso, o Chile, com 113.000 contagiados e 1.275 falecidos, prorrogou pela quarta semana a quarentena que vigora em Santiago.
Nos Estados Unidos, especialistas temem que a onda de protestos iniciada após a morte de George Floyd, um afro-americano morto por um policial branco em Minneapolis, provoque uma nova onda de contágios. O país é o mais afetado no mundo pela pandemia, com 107.000 mortos e 1,85 milhão de casos, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Hidroxicloroquina novamente em discussão
O anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que serão retomados os testes clínicos do medicamento hidroxicloroquina trouxe à tona a polêmica entre médicos que garantem que o fármaco melhora o estado dos pacientes e os que advertem para seus graves efeitos colaterais.
Um estudo realizado por cientistas chefiados pela Universidade de Minnesota com 821 pessoas nos Estados Unidos e no Canadá mostrou que usar hidroxicloroquina pouco tempo depois da exposição ao novo coronavírus não evita o contágio e sua eficácia pode ser similar à de um placebo.
A pandemia matou mais de 382.000 pessoas e contagiou 6,5 milhões no mundo, segundo contagem da AFP até as 16h de Brasília.
Mas na Europa, os países deixam o pior para trás. A Itália já permite o deslocamento de seus cidadãos entre regiões e retomou alguns voos internacionais.
A Alemanha porá fim às restrições para o turismo na Europa a partir de 15 de junho. A Espanha, com quase 28.000 mortos, suspenderá a quarentena para estrangeiros em 1º de julho, e o Reino Unido, com 40.000 óbitos, avalia receber turistas de países considerados seguros.
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