Amorim diz que ordem para prender González dificulta acordo na Venezuela
Lula deve ter encontro com chanceler Mauro Vieira para discutir nova etapa da crise
A ordem de prisão contra Edmundo González, candidato da oposição venezuelana, causou preocupação no governo brasileiro, que vê agora um cenário muito mais difícil para uma solução negociada com o ditador Nicolás Maduro, que foi declarado vencedor do pleito presidencial de julho pelo Conselho Eleitoral, ligado a ele, mesmo sem apresentar as atas eleitorais.
A Justiça da Venezuela aceitou um pedido do Ministério Público nesta segunda-feira para emitir um mandado de prisão contra González, acusado de cinco crimes pelo órgão ligado ao chavismo, depois que ele ignorou três intimações para depor.
Para o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, a decisão dificulta a tentativa de acordo que vem sendo negociada por Brasil e Colômbia.
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"Torna tudo ainda mais difícil" disse Amorim.
O diplomata, no entanto, afasta a possibilidade de o Brasil adotar uma postura mais contundente contra Maduro:
"Eu sou do tempo da bossa nova. A gente nunca sobe o tom."
Diante da escalada da crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir, nesta terca-feira, com o chanceler Mauro Vieira. São esperados contatos entre autoridades do Brasil e colombianas com representantes de Maduro e da oposição. Brasil e Colômbia tentam mediar um acordo entre Maduro e oposição.
Na semana passada, Lula reiterou que não reconhece a vitória de Maduro nem da oposição.
"A oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas não tem prova. Estamos exigindo a prova. Ele tem direito de não gostar. Eu falei que era importante convocar novas eleições" disse Lula em entrevista à Rádio MaisPB.