Amorim fala a senadores sobre atuação do Brasil na crise da Venezuela
O assessor de Lula chegou a sugerir ao presidente, informalmente, uma nova eleição no país vizinho
O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, participa, nesta quinta-feira, de audiência pública no Senado sobre a situação na Venezuela. Ao longo da sessão, Amorim explicará aos parlamentares a posição do Brasil diante da crise, que começou após a eleição no país vizinho, em 28 de julho último.
Partiu da senadora Tereza Cristina (PP-MS), da oposição, o requerimento de convite para Amorim e o chanceler Mauro Vieira, que também irá ao Senado nos próximos dias. O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um relato sobre sua ida a Caracas, para acompanhar a eleição, e os contatos que teve no país caribenho.
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Nova eleição
Celso Amorim esclarecerá aos senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que a ideia de uma nova eleição, ou segundo turno, na Venezuela, que ele sugeriu Lula, é embrionária e não foi discutida com a Colômbia — que, junto com o Brasil, tenta abrir um canal diálogo entre o presidente venezuelano Nicolás Maduro e o diplomata Edmundo González.
Maduro foi declarado eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano. Porém, a oposição e parte da comunidade internacional afirmam que o vencedor foi González.
A expectativa é que o assessor presidencial seja cobrado pelo fato de o governo brasileiro ainda não ter condenado o comportamento de Maduro. Amorim dirá que a posição do Brasil é de aguardar a divulgação das atas eleitorais, com a contagem de votos, antes de reconhecer Maduro ou González como aquele que tomará posse em janeiro do ano que vem.
Sem tornar públicos, como diz a legislação, os dados de cada uma das mais de 30 mil mesas de votação, o CNE deu a vitória para o atual presidente Nicolás Maduro por 51,95% dos votos, contra 43,18% do 2º colocado, o opositor Edmundo González. A oposição apresentou supostas atas eleitorais que mostram seu candidato teve mais de 60% dos votos.
Hoje, Brasil e Colômbia discutem uma estratégia comum para convencer as partes a abrirem um canal de diálogo. O assunto foi discutido na tarde de quarta-feira, em um telefonema entre Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
Além disso, nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai se reunir com o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, em Bogotá.
Antes parte do trio de países que buscavam uma solução para a crise, o México deixou o grupo. O presidente Andrés Manuel López Obrador afirmou que prefere esperar por uma decisão da Suprema Corte da Venezuela e já demonstrou desconforto, caso precise tomar decisões dois meses antes de deixar o cargo. Em outubro, López Obrador será substituído por Claudia Sheinbaum, que já indicou que não pretende se envolver no impasse.