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Homenagem

Arquidiocese de Olinda e Recife presta reverência às vítimas da Covid-19 em memorial

Arquidiocese de Olinda e Recife faz hoje uma vigília de oração para abertura de memorial para os que perderam suas vidas para a doença

Memorial na Catedral da Arquidiocese de Olinda e RecifeMemorial na Catedral da Arquidiocese de Olinda e Recife - Foto: Rafael Furtado

Em tempos normais, esta sexta-feira (12) deveria ser apenas um dia de festa, para celebrar os 484 anos do Recife e os 486 anos de Olinda. Mas além da pandemia, que já vitimou 11.269 pernambucanos e por si só torna mais difícil qualquer comemoração, o aniversário das cidades-irmãs também coincide com outro triste marco. Nesta sexta, completa-se um ano dos dois primeiros casos diagnosticados de Covid-19 no Estado.

Como forma de prestar reverência às vítimas da doença, a  Catedral da Arquidiocese de Olinda e Recife, localizada no Alto da Sé, no Centro Histórico de Olinda, organizou um memorial com fotografias enviadas por familiares que perderam seus entes. A exposição será inaugurada hoje à noite, com vigília de oração a partir das 18h, em cerimônia restrita a convidados.

Entre o público presente estarão parentes que encaminharam as imagens de familiares vitimados pelo novo coronavírus, equipe da vacinação, lideranças religiosas e profissionais da saúde. Estes últimos, inclusive, também serão homenageados na mostra fotográfica.

“Essa data (12 de março) é muito significativa, nos traz muita tristeza, porque marca um ano do primeiro diagnóstico da Covid-19 em Pernambuco. Pensamos em fazer esse memorial, prestando homenagem àqueles que partiram para a eternidade - que são tantos em Pernambuco e no Brasil inteiro -, ao sofrimento dos familiares, e também àqueles que continuam na luta e querendo salvar vidas”,  comentou o monsenhor Albérico Bezerra, cura da Catedral Metropolitana do Santíssimo Salvador.

 

O momento, frisa, é de apoio e compaixão aos doentes e às famílias que choram a perda de seus entes: “O objetivo é mostrar à população, não só aos católicos, que a preocupação da igreja é mostrar solidariedade, sua fé, seu carinho e preocupação a todos aqueles que estão sofrendo. A igreja não pode ficar alheia ao sofrimento. Como igreja, precisamos continuar a mesma missão de Jesus”.

Uma das curadoras do memorial, Paula Souza explica que a ideia de homenagear vítimas e profissionais de saúde por meio da exposição surgiu após ouvirem uma mensagem do Papa Francisco. “Ele dizia que a pandemia tinha que despertar em nós gestos de proximidade, cuidado e afeto. Pensamos em como poderíamos fazer isso e uma das ideias foi criar esse memorial”, disse. “Já que não podemos abraçar todo mundo, seria uma forma de nos aproximar dessas pessoas, tanto de quem teve familiares que partiram como também dos profissionais de saúde que estão na linha de frente. Então, é um gesto de fato de afeto, que nós da equipe da catedral pensamos para demonstrar que estamos juntos nessa batalha”, acrescentou.

Foram mais de 350 fotografias recebidas pela instituição, que ficarão expostas no centro da catedral. “Nas colunas centrais colocamos as fotos das pessoas que morreram e no centro dessas fotos está o círio pascal, que para nós é o símbolo da ressurreição, para dizer que essas pessoas hoje são ressuscitadas em Cristo. E nas paredes das laterais, quase que no mesmo alinhamento, estão as fotos dos profissionais da saúde. Ainda nessa imagem do abraço que queremos dar”, ressaltou Paula.

Esperança para as famílias

Entre as fotos que fazem parte do memorial estão a da mãe e do irmão de Ivania Maria da Silva, de 45 anos. Professora do Ensino Fundamental, ela perdeu os dois familiares em abril do ano passado. O irmão, Adalberto Frasano da Silva, 48, era bombeiro militar. A mãe, Benedita Maria da Silva, 80, era dona de casa. Segundo Ivania, ela apresentou os sintomas 15 dias após o falecimento do filho e, por isso, acredita não haver relação entre os dois diagnósticos.  

A homenagem promovida pela Catedral da Arquidiocese de Olinda e Recife, analisa, ajuda não somente a renovar a esperança como também a orientar a sociedade. “É uma visibilidade que as pessoas vão ter das vítimas para ver se sensibiliza aquela parte da população que ainda não acredita nesta doença ou que os cuidados não são necessários”, comentou.

Bruno Litivack, de 39 anos, contador, perdeu o pai, José Torres Litivack, auditor aposentado de 69 anos, em agosto do ano passado. Nesta sexta, inclusive, completam-se exatos sete meses do falecimento. 

“Uma coisa que desde o início confortou o meu coração, o do meu irmão e da minha mãe é uma passagem que diz que a pessoa tem dois caminhos na vida: um, ela pode ser conhecida, outro, ela pode ser importante. E o nosso pai sempre foi muito importante na nossa vida. Isso é que faz a grande diferença nas pessoas”, disse. E completou: “Nesses momentos a fé é fundamental. Esse memorial resgata exatamente isso: o quanto ele foi e é importante para todos nós. É um reconhecimento. E ser eito pela igreja ajuda a fortalecer a nossa fé”, finalizou. 

Como acompanhar

A vigília desta noite, que terá acesso limitado devido às medidas restritivas de combate à pandemia, poderá ser acompanhada online por meio das redes sociais da Arquidiocese de Olinda e Recife. A celebração será transmitida a partir das 18h pelo canal do YouTube e pela página no Facebook. Além disso, também poderá ser ouvida, ao vivo, pela Rádio Olinda 1030 AM.

Na próxima semana a exposição será aberta ao público, que poderá ter acesso ao memorial de terça a sexta, das 9h às 16h, aos sábados, das 11h às 16h, e aos domingo, das 8h às 13h. A mostra seguirá disponível para visitação até o dia 23 de maio, que representa o final do tempo pascal. 

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