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Ano Novo Chinês em SP tem preocupação com coronavírus e presença de chineses limitada

O evento de chegada do ano do rato ocorre neste sábado (1º) e no domingo (2), no bairro da Liberdade

Coronavírus já matou mais de 250 pessoas, na ChinaCoronavírus já matou mais de 250 pessoas, na China - Foto: Mladen ANTONOV / AFP

Com chineses convidados a ficarem em casa por precaução contra a transmissão do novo coronavírus, alteração na programação e poucas pessoas usando máscaras tampando suas bocas e narizes, o bairro da Liberdade abriu na manhã deste sábado (1º) o primeiro dia do fim de semana de celebração do Ano-Novo Chinês.

"Não está sendo um ano novo dos mais esperados. Todos vocês têm acompanhado o noticiário", disse o apresentador Alex Tseng na abertura oficial do evento. O mestre de cerimônias se referia ao surto do coronavírus, que começou na China e se espalhou por outros países –há 16 casos de suspeita no Brasil.

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"A Associação Amizade Brasil China optou por manter a tradição da comemoração do Ano-Novo Chinês aqui em São Paulo. Mas toda comunidade tem a sua responsabilidade. Por isso, gentilmente, convidamos para que grande parte da comunidade chinesa em São Paulo não comparecesse ao evento hoje", afirmou ele.

"Não queremos criar nenhum tipo de celeuma. Muito menos polêmica. O que queremos é celebrar o Ano-Novo Chinês. É mostrar a nossa cultura para o mundo. É por isso que nesse sábado e no domingo todas as apresentações culturais estarão aqui representadas pelas escolas de São Paulo, em sua grande maioria por alunos brasileiros."

Organizadora do evento, a Associação Amizade Brasil China cancelou apresentações que envolvessem crianças e idosos e convidou chineses que viajaram recentemente à China –e quem teve contato com quem voltou há pouco daquele país– a se isolar voluntariamente.

"Não podíamos simplesmente cancelar o evento. É um evento da cidade de São Paulo!", diz o vice-presidente da associação, Daniel Oda. Ele estima que, pelo receio de frequentar multidões gerado pelo coronavírus, o público da edição deste ano será 50% menor que o da celebração em 2019 (estimado pela organização em 200 mil pessoas nos dois dias). "Vamos compensar no ano que vem. Com uma festa do tamanho de São Paulo", afirma Oda.

MÁSCARAS
O quase totalidade do público que frequentou a praça da Liberdade e arredores durante a manhã de sábado não usava máscaras médicas. O Ministério da Saúde e especialistas afirmam que, no momento no Brasil, não há necessidade de usar máscaras para proteção contra o coronavírus 2019-nCoV. Somente pessoas que estejam com casos de suspeita da doença devem usar o item até serem isoladas.

A máscara só se tornará um objeto necessário para prevenção geral caso o Brasil registre transmissão ativa do coronavírus, ou seja, casos de pessoas infectadas que não tiveram contato com pacientes com a infecção.

Mesmo assim, havia gente usando o adereço. Como os brigadistas do Corpo de Bombeiros Civil, que trabalham no evento. "Sempre usamos máscaras. Todo ano tem", diz a líder da brigada Esther Angélica, 42.

"Quando vamos atender alguém, pode acontecer de expelir saliva pela boca. Somos obrigados a nos prevenir", emenda ela, negando qualquer relação com o coronavírus. Um tempo depois de falar com a reportagem, os brigadistas não usavam mais o utensílio.

"Ano passado eles não usaram", diz a comerciante "Jô da Banca", que trabalha em uma banca de jornal na região. "Acho que não deveria ter pânico, mas deveriam ter pensado em distribuir máscaras. Só que imagino que se distribui, assusta [as pessoas]."

O jornaleiro Akai, 25, queria ter comprado uma máscara para vir ao trabalho, mas esqueceu. "Na hora do almoço vou comprar. É bom se prevenir. É muita gente aglomerada", afirma.

O consultor Ricardo Muramaki, 45, e a sua filha Gabriela, 20, foram à Liberdade fazer compras. Os dois usavam máscaras. "Tudo bem que não existem casos confirmados [de coronavírus] no Brasil. Mas há suspeitas", diz Ricardo, que adotou o utensílio como precaução. "É um lugar com concentração grande de comunidade [chinesa]. E não só por isso. Hoje muita gente viaja a toda hora para todo lugar."

Segundo ele, o uso do anteparo no rosto é corriqueiro em outros lugares do mundo, como o Japão. "No Brasil, não é comum. O pessoal fica olhando e achando que tem alguma coisa. Mas a prevenção é questão de segundos. Melhor do que remediar."
Pela primeira vez na Liberdade, três amigos que vieram de Niterói a São Paulo para assistir à cerimônia do Ano-Novo Chinês também resolveram usar máscaras.

Segundo eles, porém, o motivo foi uma gripe que acometeu o trio. "Preferimos não passar para ninguém", diz o desenvolvedor de softwares Matheus Soares Ramalho, 23. Ele vestia uma máscara decorada com uma estampa do desenho animado Dragon Ball.

"Compramos hoje numa galeria aqui na rua", emenda a estudante Luciana Helena Neves, 24, cuja máscara fazia referência a uma banda de k-pop, como é conhecido o estilo de música pop coreana.

Em um box numa galeria com entrada pela praça da Liberdade, uma comerciante vendia máscaras estampadas com motivos de Pokémon e outros animes (desenhos japoneses), mas deixava claro que elas não serviam para proteção contra doenças.

O evento de chegada do ano do rato ocorre neste sábado (1º) e no domingo (2), das 10h às 20h. A programação inclui apresentações culturais e de artes marciais, além de bancas de comidas orientais.

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