Anvisa autoriza novo produto para diagnóstico da febre maculosa
O registro acontece após um surto de casos em uma fazenda no interior de Campinas, em São Paulo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo produto para auxiliar e/ou confirmar o diagnóstico clínico da febre maculosa nessa segunda-feira. Trata-se de um PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real que permite a detecção de marcadores específicos do material genético das bactérias que causam a doença.
O Kit IBMP Biomol Rickettsiose foi fabricado no Brasil e o registro acontece após um surto de casos em uma fazenda em Campinas, São Paulo. Conforme a reguladora, o teste deve ser realizado por profissionais da área de saúde com conhecimento específico em biologia molecular, utilizando como amostra DNA total extraído de amostras de sangue, soro ou coágulo de pacientes.
O novo PCR, desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) é o segundo produto para diagnóstico da febre maculosa registrado no Brasil. Em 2020, a Anvisa aprovou um PCR para auxiliar no diagnóstico de doenças transmitidas por carrapatos em combinação com fatores de risco clínicos e epidemiológicos, o Família Kit de Detecção por PCR em Tempo Real VIASURE.
"As doenças transmitidas por carrapatos compreendem um grupo de infecções transmitidas aos seres humanos pela picada de carrapatos infectados por bactérias, vírus ou parasitas. Como a maioria das doenças transmitidas por carrapatos apresenta sintomas semelhantes, o diagnóstico pode ser problemático. Assim, os ensaios de PCR em tempo real representam uma ferramenta de diagnóstico importante para a detecção do agente causador", esclarece a reguladora em nota.
Como é a transmissão da febre maculosa?
A infecção da doença é transmitida somente pela picada do carrapato da espécie Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. Nas capivaras, a febre maculosa não apresenta sintomas, mas para os seres humanos pode ser letal. Associado à Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o médico infectologista José David Urbaéz indica o uso repelentes, calças, camisa de manga longa e sapatos fechados em regiões com maior presença do roedor.
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São Paulo contabiliza principais casos e óbitos por febre maculosa
São Paulo é o estado que contabiliza o maior número de casos e óbitos por febre maculosa a cada ano no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Em 2023, o estado registrou 12 casos, sendo que quatro evoluíram para cura e nove para óbitos.
As última quatro vítimas da doença apresentaram os sintomas após participarem de um evento em 27 de maio na Fazenda Santa Margarida, interior de Campinas. Além dos quatro casos confirmados, o município monitora duas suspeitas, uma mulher de 40 anos, que frequentou o mesmo evento, e uma mulher de 38 anos, que esteve também na fazenda em 3 de junho. Ambas estão internadas.
Tratamento para a febre maculosa
A doença tem como sintomas iniciais febre, dor de cabeça, dores musculares e desânimo, assim como outras infecções. Embora os efeitos colaterais pareçam passageiros, a doença apresenta alta letalidade se não tratada rapidamente. No caso das vítimas de Campinas, os óbitos aconteceram alguns dias depois do início dos sintomas. Elas apresentaram febre, dores de cabeça e manchas avermelhadas no corpo.
O tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico. Ele dura geralmente sete dias e, em muitos casos, é necessária a internação. A demora para iniciar a terapia, ou a não utilização dos medicamentos, aumenta o risco já alto de óbito.
Outros sintomas incluem:
Tonteira;
Cansaço;
Náuseas;
Vômitos;
Falta de apetite;
Diarreia;
Dor abdominal;
Dor muscular constante;
Inchaço;
Gangrena (morte de um tecido) nos dedos e orelhas;
Pneumonia.