Logo Folha de Pernambuco

IMUNIZANTE

Anvisa cancela testes clínicos no Brasil da vacina Covaxin contra a Covid-19

Medida ocorre após o laboratório anunciar, na sexta (23), o fim de um acordo com a Precisa Medicamentos

A agência já havia suspenso o estudo na sexta, de forma cautelarA agência já havia suspenso o estudo na sexta, de forma cautelar - Foto: Dibyangshu Sarkar / AFP

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) cancelou nesta segunda-feira (26) de forma definitiva a realização de um estudo clínico da vacina Covaxin, desenvolvida pela empresa indiana Bharat Biotech contra a Covid.

A medida ocorre após o laboratório anunciar, na sexta (23), o fim de um acordo com a Precisa Medicamentos, que havia feito o pedido para testes clínicos da vacina no país.

A decisão da Bharat Biotech, cujo motivo não foi divulgado, ocorreu em um momento em que contratos entre o Ministério da Saúde e Precisa para obter doses da vacina são alvo da CPI da Covid.

Em nota, a Anvisa diz que a decisão por cancelar o estudo ocorreu "após avaliação técnica de que o fim da autorização da empresa Precisa para representar a vacina no país inviabiliza o cumprimento da norma que trata da condução dos estudos clínicos" no país.

A agência já havia suspenso o estudo na sexta, de forma cautelar, após receber um comunicado da Bharat Biotech. "Com a confirmação das informações, a resolução que autoriza o estudo clínico foi cancelada", informa.

De acordo com a Anvisa, apesar do aval para o estudo, nenhuma dose havia sido aplicada até o momento. A pesquisa estava prevista para ser conduzida pelo instituto Albert Einstein.
O objetivo era aplicar doses em até 4.500 voluntários, como complemento a estudos da chamada fase 3 -quando são avaliados dados de segurança e eficácia- já feitos na Índia.

No documento em que anunciou na sexta o fim da parceria com a empresa brasileira, a Bharat diz que, apesar da decisão, continuará a trabalhar com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) "para concluir processo de aprovação regulatória da Covaxin".

O laboratório negou ainda ter assinado duas cartas que teriam sido enviadas pela Precisa ao Ministério da Saúde e fazem parte do processo de negociação do imunizante. Os documentos estavam entre os materiais enviados pela pasta à CPI.

Um deles diz que a Bharat autoriza a Precisa a negociar com o Ministério da Saúde "preços e condições de pagamento, assim como datas de entrega, e todos os detalhes pertinentes à operação".

O outro é uma "declaração de inexistência de fatos impeditivos", o qual traz o símbolo da Bharat Biotech. Reportagem da CBN já havia apontado problemas nos documentos, como erros no endereço do laboratório em inglês e até mesmo na grafia do nome da empresa.

"Gostaríamos de ressaltar que esses documentos não foram expedidos pela companhia ou por seus executivos e, portanto, negamos veementemente os mesmos", aponta a Bharat no comunicado.

Em nota divulgada na sexta, a Precisa disse lamentar o cancelamento do acordo com o laboratório indiano e atribuiu a medida ao "caos político que se tornou o debate sobre a pandemia". "Que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos".

Afirmou ainda que jamais praticou qualquer ilegalidade e que conduziu as tratativas para entrada da vacina no Brasil.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter