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Vacina

Anvisa questiona transparência em aprovação de vacina chinesa

CoronaVac tem sido alvo de tentativas de desprestígio por parte do presidente Jair Bolsonaro

Coronavac, produzida por laboratórios chinesesCoronavac, produzida por laboratórios chineses - Foto: Silvio Avila/AFP

A Anvisa afirmou, na segunda-feira (14), que a China usa critérios "que não são transparentes" para conseguir a aprovação emergencial de sua vacina contra a covid-19, a CoronaVac, em fase final de testes no Brasil.
 
"Os critérios chineses para a concessão de autorização de uso emergencial naquele país não são transparentes", assinala o comunicado da agência.
 
Produzida pelo laboratório privado chinês Sinovac em associação com o Instituto Butantan de São Paulo, a CoronaVac tem sido alvo de tentativas de desprestígio por parte do presidente Jair Bolsonaro, que a vê como uma ferramenta tanto do governador de São Paulo, João Doria, quanto do regime comunista chinês.
 
Bolsonaro chegou a chamar o produto de "a vacina chinesa de João Doria", um potencial rival nas eleições presidenciais de 2022.
 
Pequim defendeu nesta terça-feira o desenvolvimento de sua vacina, ao afirmar que vários países aprovaram o tratamento chinês em "uma manifestação prática da segurança e eficácia das vacinas chinesas". 
 
As empresas chinesas estão desenvolvendo vacinas "com um respeito estrito das regras científicas e das normas", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.


Doria anunciou na segunda-feira que o Instituto Butantan mudou de planos e apresentará à Anvisa um pedido de autorização definitivo para o imunizante chinês no Brasil, onde o novo coronavírus já infectou quase 7 milhões de pessoas e provocou mais de 181.000 mortes. A solicitação será entregue no próximo dia 23.
 
Na semana passada, o governador disse que espera começar a aplicar a vacina em 25 de janeiro no estado, de 46,2 milhões de habitantes.
 
A Anvisa, que enviou no começo do mês um grupo de técnicos para inspecionar a unidade da Sinovac em Pequim, advertiu sobre "a potencial influência de questões relacionadas à geopolítica que podem permear as discussões nacionais" e citou como exemplo o risco de que países "coloquem interesses nacionais em primeiro lugar na garantia de acesso a uma vacina para seus próprios cidadãos".
 
O governo brasileiro afirma que tem garantido o acesso a 300 milhões de doses de vacinas, principalmente a desenvolvida pela Universidade de Oxford em aliança com o grupo AstraZeneca e a Fiocruz, e a iniciativa internacional Covax Facility. Negocia, ainda, 70 milhões de doses com a Pfizer.
 
O governo federal apresentou na semana passada um "plano" de vacinação, com setores prioritários para receber o produto, mas sem data de início da campanha. 
 
O STF determinou que o governo deve anunciar uma data até quarta-feira.

 

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