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Himalaia

Ao menos 26 mortos e 170 desaparecidos na Índia após ruptura de geleira no Himalaia

Centenas de militares e paramilitares, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região para ajudar nos trabalhos de busca

Derretimento de geleira no Himalaia.Derretimento de geleira no Himalaia. - Foto: INDO-TIBETAN BORDER POLICE (ITBP) / AFP

Ao menos 26 pessoas morreram e 170 continuam desaparecidas no norte da Índia, após a ruptura no domingo de uma geleira no Himalaia, que provocou a cheia repentina de um rio.
 
Cerca de 1.000 socorristas - incluindo o setor militar, policial e de desastres nacionais - retomaram a operação de busca desde cedo nesta segunda-feira (8).
 
O diretor-geral da Polícia do estado de Uttarakhand, Ashok Kumar, disse que até o momento foram recuperados 26 corpos e 171 pessoas continuam desaparecidas.
 
A maioria dos desaparecidos trabalhava em duas fábricas de energia na barragem de Richiganga. Alguns trabalhadores ficaram bloqueados em dois túneis obstruídos pela correnteza de água, lama e rochas.
 
Doze pessoas foram socorridas no domingo em um túnel, mas outras 34 continuam presas, disse à AFP Banudutt Nair, da polícia fronteiriça indo-tibetana, responsável pela operação de resgate.
 
As equipes de resgate usavam maquinaria pesada para remover toneladas de rochas, mas "aproximadamente 80 metros dentro do túnel é claro e acessível", informou Vivek Kumar Pandey, funcionário do governo local.
 
Como um filme
"Estávamos trabalhando no túnel, a 300 metros da saída. De repente, escutamos assobios e gritos nos pedindo para sair", disse à AFP Rajesh Kumar, um sobrevivente de 28 anos.
 
"Nós conseguíamos ver a saída, quando a água entrou. Foi como um filme de Hollywood. Pensamos que não conseguiríamos sair", explicou, aliviado.
 
A correnteza devastou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo que encontrava em sua passagem, incluindo estradas e pontes.
 
"Havia uma nuvem de poeira à medida que a água passava. O chão sacudia como em um terremoto", afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão
 
O rio Dhauliganga é um afluente do Ganges, cujas águas são sagradas para os hindus.
 
Em um primeiro momento, as autoridades declararam que a represa foi destruída pela cheia provocada pela queda de uma parte da geleira que se desprendeu da montanha.
 
Agora citam um possível fenômeno de inundação de lago glacial (GLOF, na sigla em inglês).
 
"Esta tragédia era imprevisível", declarou Trivendra Singh Rawat.
 
"Se o incidente tivesse acontedido à tarde, depois do horário de trabalho, quando os operários e funcionários das obras e dos arredores, a situação não seria tão grave", completou.
 
Os vilarejos nas montanhas que cercam o rio foram evacuados e as autoridades afirmaram que o maior risco de inundação foi superado.
 
"Recordação sombria"
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enviou no domingo pêsames às famílias das vítimas e a todo o país. 
 
"As Nações Unidas estão dispostas a contribuir para os esforços de socorro e assistência em curso e necessário", afirmou.


O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que estava monitorando a operação de resgate. 
 
"A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região", escreveu no Twitter.
 
As 14 geleiras que dominam o rio no Parque Nacional Nanda Devi são objetos de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento, que aumentam os riscos de rupturas. 
 
O derretimento de 25% do gelo do Himalaia observado nas últimas quatro décadas pode ser atribuído ao aumento das temperaturas.
 
As inundações devastadoras provocadas pelas chuvas de monção deixaram mais de 6.000 mortos no estado em 2013, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento em Uttarakhand, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga. 
 
Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma "recordação sombria" dos efeitos da mudança climática e do "desenvolvimento incoerente de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis". 
 
"Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio", disse.

 

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