IRÃ

Ao menos três mortos na repressão a novos protestos no Irã

As manifestações começaram em meados de setembro após a morte de Mahsa Amini

O Irã se vê afetado pelos protestos que eclodiram quando Amini, de 22 anos, morreu sob custódia policialO Irã se vê afetado pelos protestos que eclodiram quando Amini, de 22 anos, morreu sob custódia policial - Foto: AFP

Pelo menos três pessoas morreram neste sábado(19) na repressão a novos protestos contra o regime islâmico no Irã. Desde o início das manifestações cerca de 380 pessoas morreram, incluindo pelo menos 47 crianças, segundo uma ONG.

As manifestações começaram em meados de setembro após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, presa por quebrar o rígido código de vestimenta da República Islâmica. É o maior movimento para desafiar a República Islâmica desde a sua proclamação em 1979. 

As autoridades responderam com uma repressão que deixou pelo menos 378 mortos, 47 deles crianças, disse à AFP Mahmood Amiry-Moghadda, diretor da organização Iran Human Rights, com sede em Oslo. 

Outra ONG, a Hengaw, denunciou que neste sábado "forças repressivas do governo abriram fogo contra manifestantes na cidade de Divandarreh, matando pelo menos três civis" nesta província do Curdistão. 

À noite também houve manifestações em Bukan (oeste), onde os Guardiões da Revolução, exército ideológico do regime, dispararam contra a família de uma vítima dos protestos.

Corpo roubado
"Ontem à noite, membros da Guarda Revolucionária invadiram o hospital Shahid Gholi Pur em Bukan, levaram o corpo de Shahryar Mohamadi e o enterraram em um lugar secreto", disse a organização Hengaw à AFP. 

"Eles abriram fogo contra sua família, ferindo pelo menos cinco de seus membros", acrescentou a ONG. Nas últimas semanas, os funerais dos manifestantes motivaram novos protestos, em aberto desafio ao poder. 

Para dissuadir tais ações, as forças de segurança não entregam os corpos aos seus familiares e os enterram em locais desconhecidos, denunciam os ativistas. 

Na província do Azerbaijão Ocidental, centenas de pessoas marcharam perto da cidade de Mahabad neste sábado durante o funeral de Kamal Ahmadpur, um jovem morto pela polícia, segundo um vídeo divulgado pelo canal online 1500tasvir

As forças iranianas "aumentaram significativamente o uso de armas letais em seus ataques contra manifestantes nos últimos cinco dias", disse Hengaw. 

A ONG disse que somente na área do Curdistão, pelo menos 25 pessoas foram mortas desde terça-feira.

Irã denuncia "silêncio" ante "terroristas"
O Irã denunciou o "silêncio" da comunidade internacional após os recentes ataques que descreveu como atos "terroristas". 

"A nação iraniana e a comunidade internacional testemunharam nos últimos dias atos criminosos de um grupo de terroristas sem piedade contra cidadãos inocentes e forças de segurança", disse o Ministério das Relações Exteriores. 

"O silêncio deliberado dos estrangeiros, instigadores do caos e da violência no Irã, face às operações terroristas (...) tem como consequência encorajar o terrorismo e reforçar o terrorismo no mundo", acrescentou. 

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu "punição" para "assassinos" e aqueles que comentem atos de vandalismo nosprotestos. 

Khamenei afirmou que as potências estrangeiras "tentam levar as pessoas às ruas" e procuram "esgotar as autoridades", mas afirmou que falharam, segundo declarações divulgadas pela televisão estatal.

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