Ao som de frevo e em clima de Carnaval, Galo Gigante é erguido no Recife
Para este ano, mensagem pedindo por paz é enfatizada na escultura
O Galo Gigante está de pé na Ponte Duarte Coelho, no Bairro do Recife, na área central da capital pernambucana, levantando consigo um pedido de paz e lembrando as gerações mais antigas de foliões, com a “cabeça branca”. A subida da escultura aconteceu na noite desta quarta-feira (7), às 18h45, ao som de orquestras de frevo.
Quem assina a obra por mais um ano é o artista plástico, designer e consultor Leopoldo Nóbrega. Ele conta com a produção executiva de Germana Xavier e revela de onde e quem surgiu o processo de inspiração.
“A ideia surgiu a partir de temas como gentileza, ancestralidade, sustentabilidade e inclusão. O Galo se tornou um mensageiro divino da esperança de paz para o nosso tempo. A obra também homenageia seres iluminados que dedicaram sua existência pela paz no mundo, como Dom Hélder Câmara, Cacique Raoni, Madre Teresa de Calcutá e Martin Luther King. E marca, ainda, os 79 anos da Organização das Nações Unidas (ONU) em sua missão de paz pelo mundo”, pontua Nóbrega.
"É uma emoção gigante, a culminância de tanto trabalho. É um momento simbólico e que arrepia. A gente vê o calor das pessoas e a emoção. É uma emoção gigante participar desse momento, sem dúvida", complementa.
Tendo priorizado uma mensagem antirracista no ano passado e agora reverberando um apelo por paz, o artista acredita que essa é uma forma de expandir mensagens para a sociedade para além do período de folia.
"´É muito importante que a gente consiga entender a potência do Carnaval como algo com capacidade de comunicar alguma coisa. Nós temos trazido temas e mensagens transformadoras. É interessante, porque mesmo as pessoas que não brincam Carnaval dizem que têm trazido outro olhar para as mensagens da escultura. Tudo pode ter um lado construtivo", salienta.
Em toda a extensão da composição artística, foram usados 720 litros de tintas, com cada um dos cinco continentes do mundo sendo representado por uma cor. A Ásia aparece em amarelo; a África, em preto; a América, em vermelho; a Europa, em azul; e a Oceania, em verde.
Na crista do animal, os foliões mais velhos são lembrados com as cores branca e prata, em reflexo aos cabelos brancos que se apresentam com o passar dos anos. As penas do rabo trazem “paz” em 16 idiomas.
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A responsabilidade com o meio ambiente e a reutilização de materiais também compõem a obra, através de mil penas cenográficas confeccionadas com dois mil metros de lonas usadas anteriormente em materiais publicitários e 10 mil CDs e DVDs doados.
Prefeito do Recife, João Campos (PSB) marca presença no momento. O evento, aliás, foi uma promessa feita por ele no ano passado, quando, de forma despretensiosa, pessoas se reuniram para assistir ao Galo Gigante se erguer.
"Pela primeira vez a gente organiza a subida do Galo com apresentações artísticas e orquestra flutuando em cima do rio. Leopoldo teve a sensibilidade de pegar o maior símbolo do nosso Carnaval e colocar um recado pela paz em 16 idiomas. O Galo é esse grande mensageiro de causas importantes", diz Campos.
Apesar de nascido no Recife, Rodrigo Oliveira, aos 28 anos, nunca tinha chegado tão próximo da escultura como aconteceu nesta noite.
“Achei bem interessante esse evento voltado para a subida dele. Eu confesso que, realmente, achei interessante e quis saber como era. Tenhos planos de curtir Recife e Olinda neste Carnaval", frisa.
Aos 75 anos e tendo que programar uma viagem para poder encontrar o Galo Gigante na Ponte Duarte Coelho, Zenaide Pereira de Almeida também teve esse contato mais próximo com o símbolo cultural pela primeira vez.
"Eu moro em Natal e vim aqui curtir. É uma alegria. Eu nunca tinha visto ele tão de perto, mas agora estou vendo. Adorei e aprovei. Ele está lindo", afirma.