Aos menos 52 mortos e 26 feridos em incêndio em prisão na Colômbia
Segundo o general, o presídio abrigava 1.267 detentos, 17% a mais que a sua capacidade
Pelo menos 52 detentos morreram e 26 ficaram feridos na madrugada desta terça-feira (28) em um incêndio provocado por presos na penitenciária de Tuluá, município no sudoeste da Colômbia, informaram as autoridades.
A tragédia ocorreu em um pavilhão do presídio municipal quando os presos atearam fogo em seus colchonetes para impedir a entrada da polícia após uma tentativa de fuga ou para "encobrir alguma situação", informou à AFP o general Tito Castellanos, diretor do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec).
Um primeiro balanço dava conta de 49 mortos e 30 feridos. Mas o ministro da Justiça, Wilson Ruiz, atualizou os números: "51 pessoas privadas de liberdade morreram e outras 24 ficaram feridas".
"Destes 24 feridos, seis estão internados na unidade de terapia intensiva de Tuluá", acrescentou.
A prisão é fortemente vigiada por policiais e militares. Até meio-dia, os corpos não haviam sido retirados da prisão.
Um policial forneceu uma primeira lista de sobreviventes a parentes desesperados que se reuniram do lado de fora do presídio.
Leia também
• Nove meses depois, jovem que perdeu braço em acidente faz vaquinha por prótese; saiba como ajudar
• Vazamento de gás em porto deixa 13 mortos e mais de 250 feridos na Jordânia; veja vídeo
• Queda de arquibancada em tourada deixa 4 mortos e centenas de feridos na Colômbia
Lorena, companheira de um preso, disse que conseguiu falar com ele de madrugada.
Ele disse que "estavam atirando gás", comentou a mulher que omitiu seu sobrenome em uma conversa com o jornal El Tiempo.
A mulher questionou a versão sobre as ações dos internos. "Parece-me ilógico que trancados em um prédio, vão atear fogo nos colchonetes sabendo que podem se queimar".
Num primeiro momento, as autoridades disseram que o incêndio foi provocado após uma tentativa de fuga, mas no decorrer das horas foi ganhando peso a versão de rebelião provocada por uma briga.
"Esta situação foi causada por uma briga que surgiu entre dois detentos. Um dos internos ateou fogo - ele estava furioso, transtornado - em um colchonete, o que provocou a conflagração", informou o ministro Ruiz.
O fogo afetou apenas um dos pátios da prisão. As chamas se espalharam por um corredor e atingiram outras celas de prisioneiros
O general Tito Castellanos, diretor do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec), especificou que entre os feridos há seis agentes penitenciários, que tentaram socorrer os presos.
"O Corpo de Bombeiros de Tuluá já controlou a situação", acrescentou.
Segundo o general, o presídio abrigava 1.267 detentos, 17% a mais que a sua capacidade.
A perícia trabalha na identificação das vítimas.
O presidente eleito da Colômbia, Gustavo Petro, expressou suas condolências aos familiares das vítimas no Twitter e pediu "um repensar completo da política carcerária diante da (...) dignidade do preso".
"O Estado colombiano encara a prisão como um espaço de vingança e não de reabilitação", acrescentou o esquerdista, que assumirá o cargo em 7 de agosto, evocando a morte de 23 presos durante um motim na prisão La Modelo, em Bogotá, em março de 2020.
O presidente Iván Duque, por sua vez, citou o ocorrido no Twitter, sem mencionar números.
"Lamentamos os acontecimentos ocorridos no presídio de Tuluá (...) Dei instruções para realizar investigações para esclarecer essa terrível situação. Minha solidariedade às famílias das vítimas", escreveu o presidente.
O sistema penitenciário colombiano abriga 97.426 presos. A superpopulação é de quase 16.300, segundo o Inpec.