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Apagão em Cuba: "Sistema ficou sem energia em todo o país"

Na quinta-feira, o governo anunciou a suspensão das atividades de trabalho do setor estatal para enfrentar a crise

 Moradores do bairro Naranjal Norte tentam obter conexão com a internet e ar fresco em uma noite quente de verão no telhado de uma casa durante uma queda de energia noturna de 6 horas na província de Matanzas, Cuba, em 22 de maio de 2024. Moradores do bairro Naranjal Norte tentam obter conexão com a internet e ar fresco em uma noite quente de verão no telhado de uma casa durante uma queda de energia noturna de 6 horas na província de Matanzas, Cuba, em 22 de maio de 2024. - Foto: Antonio Levi/AFP

Cuba sofreu, nesta sexta-feira(18), uma queda total do sistema elétrico devido à inoperância de sua principal usina termelétrica, informou o ministério de Minas e Energia, em um contexto de "emergência energética" no país.

"O sistema ficou sem energia em todo o país", após a inoperância imprevista da usina termelétrica Antonio Guiteras, disse à TV estatal Lázaro Guerra, diretor-geral de Eletricidade do Ministério de Minas e Energia.

Na quinta-feira, o governo anunciou, entre outras medidas, a suspensão das atividades de trabalho do setor estatal para enfrentar a crise, que nas últimas semanas deixou a população de várias províncias até 20 horas sem luz em um único dia.

Guerra informou que quando a termelétrica saiu de serviço, "o sistema colapsou, ou seja, está em zero total desde essa hora", e que o governo trabalha para restabelecer a energia o mais rapidamente possível.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse em sua conta no X que "não haverá descanso até seu restabelecimento" e que o governo dá "absoluta prioridade à atenção e solução desta contingência energética de alta sensibilidade".

Na quinta-feira, Díaz-Canel usou a mesma rede social para destacar que a ilha enfrenta uma "emergência energética" por problemas para adquirir combustível para abastecer seu sistema de energia, devido ao acirramento do embargo que Washington impõe à ilha desde 1962.

As ruas de Havana estavam praticamente vazias nesta sexta-feira, sem transporte público, com pouco trânsito e sem semáforos acesos; alguns estabelecimentos privados estavam abertos. As autoridades locais indicaram que apenas hospitais e fábricas de alimentos permaneceriam funcionando.

As aulas foram suspensas em todo o país até segunda-feira, e boates e locais de lazer permanecerão fechados em diversos pontos da cidade.

"Isso é uma aberração", disse à AFP Eloy Font, um aposentado de 80 anos que vive em Centro Havana. "Isso demonstra a fragilidade do nosso sistema elétrico, estão atrás dos problemas, não há reserva, não há como manter este país, estamos vivendo dia após dia", lamentou.

Os cubanos sofrem há três meses com os indesejados apagões, que se tornaram cada vez mais prolongados e frequentes, com um déficit de cobertura nacional de 30% em muitos dias. Um déficit de quase 50% foi registrado na quinta-feira, irritando ainda mais a população.

Bárbara López, criadora de conteúdo digital de 47 anos, disse que não conseguiu fazer nada. "Faz dois dias que mal consegui trabalhar e agora isso, o que faço? É terrível viver assim, em 47 anos nunca vi nada pior".

"Agora sim, acabaram com tudo... sem luz e sem dados móveis", exclamou.

As autoridades informaram na quinta-feira que o setor privado, que surgiu em Cuba a partir de 2021, se tornou um importante consumidor de energia e que estabelecerão mecanismos de controle também para esta atividade.

Setor estatal paralisado
Diante desta situação, o primeiro-ministro Manuel Marrero anunciou a paralisação de todas as atividades de trabalho estatais que não forem indispensáveis a fim de priorizar o abastecimento para as famílias.

Na ilha, a energia elétrica é gerada através de oito termelétricas antigas que, em alguns casos, apresentam avarias ou estão em manutenção, além de sete plantas flutuantes - que o governo arrenda de empresas turcas - e grupos eletrogêneos (geradores).

Toda esta infraestrutura requer, em sua maioria, combustível para funcionar.

Cuba atravessa sua pior crise em três décadas, com falta de alimentos, remédios e apagões crônicos que limitam o desenvolvimento das atividades produtivas.

Os apagões foram um dos fatores desencadeadores das históricas manifestações de 11 de julho de 2021, que deixaram um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos.

De acordo com a imprensa independente local, dezenas de pessoas se manifestaram no início da semana nas províncias de Sancti Spíritus (centro) e Holguín (nordeste) devido aos apagões prolongados.

Em 2023, a ilha se recuperou dos cortes de eletricidade diários que sofreu durante quase todo o ano de 2022.

O mais crítico ocorreu em outubro daquele ano, com um apagão generalizado na noite de 27 setembro, após a passagem do furacão Ian, que atingiu o oeste do país.

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