Apagão em São Paulo chega ao fim, mas deixa sequelas políticas no Brasil
A crise energética dominou a agenda política local durante a última semana
A empresa Enel, responsável pelo fornecimento de energia à cidade de São Paulo, anunciou, nesta quinta-feira (17), que a crise causada por uma tempestade chegou ao fim, após um grande apagão afetar mais de três milhões de consumidores e provocar um terremoto político no Brasil.
O presidente da companhia, Guilherme Lencastre, afirmou em uma coletiva de imprensa que 36.000 clientes ainda estão sem eletricidade, número que representa uma “operação muito próxima da normalidade”.
A empresa concessionária está "mantendo a operação como se ainda estivéssemos em crise, embora já não estejamos mais em crise", assegurou Lencastre, que acrescentou que o número total de clientes afetados pela falta de energia foi de 3,1 milhões.
O apagão foi causado por uma tempestade com fortes chuvas e ventos na última sexta-feira, que impactou a capital paulista e sua área metropolitana.
A crise energética dominou a agenda política local durante a última semana.
A cidade de São Paulo realizará o segundo turno de suas eleições municipais no próximo dia 27 de outubro, e o apagão se tornou o principal tema da fase final da campanha.
O atual prefeito e candidato à reeleição, o conservador Ricardo Nunes, foi apontado como responsável por seu rival, o esquerdista Guilherme Boulos.
A candidatura de Nunes recebeu o apoio do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, enquanto Boulos conta com o respaldo do atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva.
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A Enel, empresa privada controlada pelo grupo italiano homônimo que exerce a concessão do fornecimento em São Paulo, recebeu duras críticas pela resposta à crise. Três dias após a tempestade, cerca de meio milhão de usuários ainda estavam sem luz, segundo as autoridades.
Diferentes setores políticos apoiaram uma revisão do contrato da Enel com o estado. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alertou que poderia cancelar a concessão se a empresa não apresentasse uma solução satisfatória.
São Paulo já havia sofrido com outros dois grandes apagões no último ano.
Sete pessoas morreram devido à queda de árvores e muros provocada pela tempestade da última sexta-feira, informou a Defesa Civil estadual. Segundo a Enel, vários quilômetros da rede elétrica foram destruídos.
O apagão causou prejuízos econômicos de cerca de R$ 1,65 bilhão de reais ao setor de comércio e serviços, de acordo com estimativas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo.
As autoridades paulistas agora se concentram em um novo alerta de tempestade para este fim de semana. A Defesa Civil estadual emitiu um aviso de risco meteorológico entre sexta-feira e domingo, com previsão de fortes tempestades e rajadas de vento.