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China

Apagões na China afetam moradias e fábricas e ameaçam crescimento

Pelo menos 17 províncias e regiões, responsáveis por 66% do PIB da China, anunciaram alguma forma de corte de energia nos últimos meses

Crise energética na ChinaCrise energética na China - Foto: Leo Ramirez/AFP

A agência de classificação de risco Goldman Sachs reduziu, nesta terça-feira (28), suas projeções de crescimento para a China, em razão dos apagões em todo país que afetam milhões de residências e paralisam fábricas, algumas das quais abastecem as empresas Apple e Tesla.

Pelo menos 17 províncias e regiões, responsáveis por 66% do PIB da China, anunciaram alguma forma de corte de energia nos últimos meses. As indústrias pesadas têm sido as principais afetadas, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

Quase 60% da economia chinesa depende do carvão, mas seu abastecimento foi prejudicado pela pandemia de coronavírus e pela queda nas importações, devido a uma disputa comercial com a Austrália.

Ainda assim, a demanda de energia no primeiro semestre deste ano na China excedeu os níveis pré-pandemia, de acordo com a Administração Nacional de Energia.

Goldman Sachs destacou, nesta terça, que o crescimento econômico este ano no gigante asiático deve alcançar 7,8%, abaixo dos 8,2% esperados anteriormente. A causa dessa desaceleração está nos apagões que obrigaram as indústrias pesadas a cortarem sua produção. 

Na segunda-feira (27), analistas da Nomura disseram que cada vez mais fábricas tiveram de paralisar suas operações por causa das ordens do governo de cortar suas emissões de carbono, ou em razão dos preços mais altos e da escassez de carvão.

A Nomura reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês de 8,2% para 7,7%.

A Unimicron Technology, uma fornecedora da Apple, por exemplo, suspendeu a produção em suas fábricas em duas regiões, de acordo com documentos apresentados ontem na Bolsa de Valores de Taiwan. 

Várias outras empresas, incluindo uma fornecedora de componentes da Tesla, tiveram de suspender a produção esta semana, ainda conforme documentos apresentados à Bolsa.

Com milhares de fornos de cimento e fundições de aço, o nordeste da China está entre as regiões mais afetadas.

Uma fábrica em Liaoning, no nordeste do país, teve de enviar 23 trabalhadores para o hospital por intoxicação por monóxido de carbono, depois que os ventiladores desta unidade pararam de funcionar durante um apagão, informou a rede estatal CFTV.

Imagens da imprensa local mostraram carros dirigindo em uma rodovia congestionada na cidade de Shenyang na escuridão completa, com os postes de luz apagados.

"Apagões oito vezes por dia, quatro dias seguidos... Estou sem palavras", escreveu um internauta em Liaoning.

Outro reclamou que os shoppings fecham mais cedo e que uma loja de bairro precisava recorrer a velas.

"É como viver na Coreia do Norte", escreveu ele.

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