Apesar das restrições, população parece não assimilar o momento difícil da pandemia em Pernambuco
Equipes de fiscalização definem trabalho de conscientização como "enxugar gelo"
No fim de semana decisivo para a Governo do Estado em relação às medidas restritivas contra a pandemia da Covid-19, desrespeito é a palavra que define o cenário encontrado nas praias do Recife.
Enquanto as sirenes evidenciavam a movimentação intensa de ambulâncias na Avenida Boa Viagem, pessoas desrespeitavam o decreto que proíbe o banho de mar e atividades de lazer nas praias.
As atuais medidas restritivas de Pernambuco não permitem o funcionamento do comércio não essencial e fecham praias e parques do Estado nos fins de semana. O atual decreto vai até esta quarta-feira (17), caso não haja prorrogação.
Apenas atividades físicas individuais estão sendo permitidas, na praia e na orla, no intuito de evitar aglomerações. O objetivo é conter o aumento de casos e não colapsar o sistema de saúde. As UTIs da rede pública, por exemplo, têm uma ocupação de 95%, mesmo com a abertura de mais de 160 novos leitos durante a última semana.
Na última semana, a Semana Epidemiológica (SE) 10, inclusive, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) - suspeitos para a Covid-19 - dispararam no Estado, com 1.065 notificações até o momento.
Leia também
• Pesquisadores identificam nova variante no Brasil
• Mortes por Covid-19 explodem em 50 grandes cidades do Brasil
• Sem medidas duras e apoio do governo, Brasil não reverterá pandemia
Apesar dos dados alarmantes, o que é visto na rua vai totalmente em desencontro com o que gestores e profissionais da linha de frente vêm pregando.
"Estamos cansados. Viemos neste sábado (13) e já foi pior que o outro sábado. Hoje (domingo) está sendo o pior dia. É como enxugar gelo: pedimos para as pessoas saírem da água, elas saem e, quando viramos, elas voltam de novo", explica Marta Lima, secretária-executiva de Controle Urbano do Recife.
Ela e uma equipe multidisciplinar estão tendo a tarefa de orientar os transeuntes das praias a não entrarem na água nem colocarem ponto fixo na areia. Entretanto, o trabalho é árduo: a equipe não é tão grande e as pessoas estão sendo hostis ao que vem sendo realizado na orla.
"Eu não faço nem como funcionária pública, faço como cidadã. Que as pessoas se conscientizem e protejam os seus", conta Marta.
Mais irregularidades
A reportagem da Folha de Pernambuco começou uma ronda a partir do Parque Dona Lindu. Em frente ao local, que está fechado sob o decreto, muitas pessoas praticavam atividades sem máscaras e faziam a ingestão de bebida alcoólica em quiosques que funcionavam clandestinamente - com apenas uma janela aberta.