Após ataque contra cidade russa, Putin promete intensificar bombardeios contra a Ucrânia
Presidente chamou ações em Belgorod de 'ato terrorista', afirmou que seus alvos são apenas militares e disse que Kiev está tentando intimidar a Rússia;
O presidente russo Vladimir Putin disse, em suas primeiras declarações do ano, que vai intensificar os ataques contra a Ucrânia depois que mísseis de Kiev atingiram a cidade de Belgorod, dentro da Rússia, deixando 24 mortos e mais de 100 feridos. Segundo Putin, a ação da semana passada foi um "ato de terrorismo".
— O que aconteceu em Belgorod é, obviamente, um ato terrorista. Porque sob a cobertura de dois mísseis Vilkha, eles dispararam de vários sistemas de lançamento de foguetes bem no centro da cidade, onde as pessoas estão caminhando na frente do Ano Novo — disse Putin, em conversa com militares que participam da guerra na Ucrânia, ou, como chama o governo, da "operação militar especial". As declarações foram as primeiras do presidente sobre o ataque da semana passada.
Putin ainda afirmou que vai responder militarmente ao ataque em Belgorod, e prometeu novos bombardeios contra alvos dentro da Ucrânia — alvos, segundo ele, que não incluem estruturas civis.
— Nós, pela nossa parte, vamos aumentar os ataques. Nem um único crime desse tipo, e este é, claro, um crime contra a população civil, ficará impune — declarou o presidente. — Atacaremos com armas de alta precisão em locais onde são tomadas decisões, em locais onde se reúnem militares, mercenários, em outros centros deste tipo, em instalações militares, antes de mais nada.
Antes do ataque a Belgorod, que não foi reivindicado pelos ucranianos de maneira oficial, a Rússia havia lançado um dos maiores bombardeios contra a Ucrânia desde o início da guerra, deixando quase 40 mortos e um rastro de estragos inclusive em hospitais e prédios residenciais. Para especialistas, essa deve ser uma rotina na guerra durante os meses de inverno, quando os combates por terra perdem intensidade por causa das condições climáticas e de terreno. Putin, com o apoio do Irã e da Coreia do Norte, também teria acumulado um arsenal de mísseis e foguetes considerável, que lhe permitirá realizar ataques contundentes com frequência.
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Na véspera, em seu discurso de Ano Novo, Putin mencionou de forma breve e indireta a guerra no país vizinho, que em fevereiro completará dois anos, se dirigindo apenas aos soldados que estão na linha de frente.
— Hoje gostaria de me dirigir aos nossos militares - todos os que estão num posto de combate, na linha da frente da luta pela verdade e pela justiça. Vocês são nossos heróis. Nossos corações estão com você. Estamos orgulhosos de você e admiramos sua coragem — afirmou.
O restante da fala foi voltado às famílias e à sociedade russa, e não escondeu o teor eleitoral. Em março, Putin tentará mais um mandato, em uma votação considerada uma formalidade dentro da Rússia, uma vez que não há adversários com condições ou mesmo vontade de vencê-lo. Além disso, potenciais rivais mais incômodos ou foram inabilitados ou estão presos, como o ativista Alexei Navalny, hoje detento em uma colônia penal no Ártico.