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Tragédia

Após comemorar primeiro dia de aula de filhos, mãe e crianças morrem em Petrópolis

Um dos filhos era autista e dava sinais de desenvolvimento

Bombeiros com cães farejadores continuam buscas por pessoas soterradasBombeiros com cães farejadores continuam buscas por pessoas soterradas - Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Alessandro Garcia, de 38 anos, ouviu pela primeira vez o filho Bento, de 5 anos, falar "papai", momentos antes de sua casa desabar em Petrópolis, em razão de fortes chuvas. Autista, a criança dava sinais de desenvolvimento e havia tido seu primeiro dia na escola, junto à irmã, Sofia, de um ano e seis meses, na mesma terça-feira (15). O marco na vida dos pequenos foi, inclusive, comemorado pela mãe Carolina, de 37 anos, em um grupo de Whatsapp com parentes próximos. Foi a última mensagem dela que eles receberam. Mãe e filhos faleceram, além de avô e avó de Bento e Sofia, na tragédia.

"O Bento estava no colo do pai quando tudo aconteceu. E ele agora se culpa como se não tivesse segurado o filho forte o suficiente. Mas isso não existe, é claro", conta a prima de Carolina, Karina Carla de Souza, de 34 anos.

Alessandro saiu de casa andando após a tragédia e afirmava ainda estar com o filho no colo, segundo ela. Chegou na casa de um parente e dormiu, tamanho o estado de choque. Foi só no dia seguinte que descobriu ter quebrado as duas pernas.

"Na adrenalina nem sentiu dor", diz Karina.

Carolina e Sofia foram enterrados no sábado, quando chegou a notícia de que Bento tinha sido encontrado. Os trâmites do sepultamento ainda correm, no entanto.

O corpo do avô Élcio não foi liberado ainda. E a avó das crianças, Maria Expedito, continua desaparecida.

"E se demorar muito é só por DNA, o que vai trazer mais sofrimento. Pois aí a pessoa é enterrada como indigente, depois de faz a exumação do corpo para certidão de óbito", disse.

Karina e uma prima aguardam ouvir o nome conhecido em frente à Sala Lilás, do Instituto Médico Legal, neste domingo, para que possam fazer o reconhecimento do corpo. Nessa espera, sentem também as dores de outros.

"Ficar aqui é muito sofrimento, pois a gente sente com cada um que recebe a notícia", lamentou.

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