DIÁLOGO

Após conversa com Netanyahu, Biden crê que Estado palestino ainda é possível

Biden afirmou que não era impossível que Netanyahu pudesse aceitar alguma forma da chamada solução de "dois Estados"

Joe BidenJoe Biden - Foto: Mandel Ngan/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta sexta-feira (19) que ainda era possível que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitasse de alguma forma um futuro Estado palestino, após a primeira conversa telefônica entre ambos em um mês, e em meio à guerra em Gaza.

O diálogo ocorreu um dia depois que Netanyahu rechaçou a exigência recorrente de Biden sobre a coexistência futura do Estado de Israel com um palestino.

"Israel deve ter o controle da segurança de todo o território situado a oeste do [rio] Jordão. É uma condição necessária, que está em contradição com a ideia de soberania [palestina]", disse o primeiro-ministro israelense.

Contudo, após o telefonema, Biden afirmou que, apesar dos comentários de Netanyahu, não era impossível que ele pudesse aceitar alguma forma da chamada solução de "dois Estados", levantada por décadas como uma maneira de diluir as tensões no Oriente Médio.

"Há vários tipos de soluções de dois Estados. Há vários países-membros da ONU que [...] não têm exército próprio", declarou Biden aos jornalistas após um ato na Casa Branca. "E, por isso, acredito que há formas nas quais isto poderia funcionar", explicou.

Perguntado sobre ao que Netanyahu estaria aberto, Biden respondeu: "Logo vou avisar a vocês."

"Promessa e possibilidade"
Mais cedo, a Casa Branca havia informado que o presidente americano insistiu no tema com Netanyahu quando conversaram, mas que o telefonema não foi uma reação direta às declarações do líder israelense.

"O presidente [Biden] ainda acredita na promessa e na possibilidade de uma solução de dois Estados", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.

Os dois líderes também conversaram sobre os reféns americanos que ainda estão sob jugo da organização palestina Hamas desde o ataque de 7 de outubro em Israel.

Biden e Netanyahu conversaram pela última vez em 23 de dezembro e o silêncio entre eles desde então deu lugar a repetidas perguntas sobre uma ruptura.

Os dois têm tido uma relação notoriamente complicada desde que, no ano passado, o presidente democrata dos Estados Unidos pressionou o governante de direita israelense sobre as controversas reformas judiciais propostas por seu gabinete.

Mas Biden tem apoiado firmemente Israel desde 7 de outubro, e, inclusive, viajou ao país depois dos ataques, abraçando publicamente Netanyahu e prometendo-lhe total apoio.

No entanto, e desde então, surgiram novas tensões na medida em que aumenta o número de vítimas palestinas da ofensiva israelense em Gaza.

Biden alertou que Israel poderia perder seu apoio devido aos "bombardeios indiscriminados" que está realizando em Gaza e que custaram a vida de 24.762 palestinos, 70% deles mulheres, crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde da Faixa.

Nesta sexta-feira, a Casa Branca se disse "muita preocupada" com as informações que relatavam a morte de um jovem palestino de 17 anos com nacionalidade americana por soldados israelenses. Mais de 360 palestinos morreram na Cisjordânia desde 7 de outubro por disparos de soldados ou colonos israelenses.

A guerra entre Hamas e Israel estourou após o ataque de milicianos islamistas em 7 de outubro, que mataram cerca de 1.140 pessoas em território israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Cerca de 250 pessoas também foram sequestradas durante o ataque. Segundo Israel, 132 seguem retidas em Gaza e 27 delas estariam mortas.

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