Após desvalorização do dólar, entenda como fica o câmbio na Argentina
Houve mudanças em pelo menos cinco cotações diferentes de dólar, incluindo as usadas em compras de cartão de crédito e a usada na importação de bens
O recém-empossado ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou nesta terça-feira o aguardado pacote com as primeiras medidas econômicas do governo do novo presidente, Javier Milei, o que incluiu uma forte desvalorização do peso, a maior em quase 35 anos.
A cotação oficial do dólar, a partir desta quarta, será de 800 pesos — uma desvalorização de 54% frente aos 366 pesos do dia anterior, segundo cálculos da Bloomberg. Ontem, o câmbio paralelo, chamado de dólar blue, fechou a 1.070 pesos.
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Também foram anunciadas mudanças em outras cotações. Confira:
Dólar do atacado (também chamado de dólar mayorista ou interbancário): 800 pesos, com desvalorização mensal de 2%;
Dólar importação: 940 pesos, composto pelo dólar a 800 pesos + 17,5% do imposto Pais (sigla para Por uma Argentina Inclusiva e Solidária), que incide sobre bens importados;
Dólar exportação: 860 pesos, composto pela pela liquidação de 80% no MULC (sigla para Mercado Único de Câmbio Livre, é o segmento em que atual bancos e agentes de comércio exterior) e 20% do CCL (contado com liquidação). Há retenções de 15%;
Dólar cartão: 1.280 pesos, composto pelo imposto Pais + Imposto de Renda; o adiantamento do pagamento do imposto sobre bens pessoais (30% e 30%, respectivamente) é anulado.
Com as novas medidas, o ministério da Economia argentino espera reduzir os gastos públicos em torno de 5% do valor do PIB.
Nesta quarta-feira, a equipe econômica se reunirá justamente com representantes dos bancos que operam no país, e dessa reunião se esperam definições sobre a dívida do BC com as instituições e, a partir da solução desse enorme problema financeiro, esclarecimentos, por exemplo, sobre o futuro do mercado cambial — praticamente paralisado desde que Milei assumiu a presidência.