Após meses de contraofensiva, Ucrânia reivindica avanços no rio Dnieper
O anúncio desta sexta-feira é o primeiro êxito reivindicado pelos ucranianos desde a tomada da localidade de Robotyne, na região sul de Zaporizhzhia
A Ucrânia reivindicou, nesta sexta-feira (17), a conquista de várias posições na margem leste do rio Dnieper, ocupada pelos russos no sul do país, uma operação bem-sucedida após meses de uma contraofensiva decepcionante.
"As Forças de Defesa da Ucrânia conduziram uma série de operações bem-sucedidas na margem esquerda do rio Dnieper", na região de Kherson, anunciou no Facebook o comando da Marinha ucraniana, que reivindicou a tomada de "várias cabeças de ponte" na região e reportou "grandes perdas" nas fileiras inimigas.
"As unidades ucranianas conseguiram expulsar os russos das suas posições na margem esquerda do rio", confirmou o Estado-Maior pouco depois, acrescentando que "intensos combates" e "operações de sabotagem, de incursões e de reconhecimento continuam" na área.
O objetivo é "repelir o inimigo para o mais longe possível" do rio para impedi-lo de bombardear a cidade de Kherson e outras cidades localizadas na margem direita, controladas pelas forças de Kiev, disse o Estado-Maior.
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O anúncio desta sexta-feira é o primeiro êxito reivindicado pelos ucranianos desde a tomada da localidade de Robotyne, na região sul de Zaporizhzhia, em agosto.
Kiev esperava que a libertação desta cidade permitisse às suas tropas romper as linhas russas e recuperar outras áreas ocupadas, mas o Exército ucraniano ficou atolado diante do poder de fogo das defesas russas.
"Forte resistência" russa
Com a tomada de várias posições na margem esquerda do Dnieper, o comando militar ucraniano tem a expectativa de iniciar um ataque maior em direção ao sul. Para isso, no entanto, o país precisa ter a capacidade de mobilizar soldados, veículos e equipamentos em uma área de difícil acesso, repleta de bancos de areia e pântanos.
A operação não parece fácil. O Estado-Maior ucraniano relatou "forte resistência inimiga" na margem ocupada, onde as forças russas, que tentam expulsar os ucranianos, têm "uma linha de fortificações muito importante".
Depois de vários dias de silêncio, o Exército russo afirmou, nesta sexta-feira, ter infligido grandes perdas durante a semana aos ucranianos que tentam desembarcar na margem ocupada por Moscou.
"O inimigo está na margem direita (oeste) do Dnieper e, durante uma tentativa de desembarcar nas ilhas, perdeu mais de 460 soldados, mortos ou feridos, dois tanques e 17 veículos", disse o Ministério da Defesa russo em comunicado, referindo-se ao período de 11 a 17 de novembro.
O governador da parte ocupada pela Rússia da região de Kherson, Vladimir Saldo, admitiu na quarta-feira que dezenas e até centenas de soldados ucranianos haviam conseguido estabelecer posições na margem esquerda do Dnieper, em particular nas proximidades da localidade de Krinki.
A AFP não pôde confirmar estas afirmações dos beligerantes.
O "front" na zona do sul da Ucrânia está delimitado desde que o Exército russo se retirou da cidade de Kherson, em novembro de 2022, pelo rio Dnieper, com as forças russas ocupando a margem esquerda, e as forças ucranianas mantendo o controle na margem direita.
"Um inferno de fogo"
Saldo minimizou os avanços, citou o envio de reforços russos e afirmou que as tropas ucranianas estavam enfrentando um "inferno de fogo".
Kiev deseja evitar o efeito pernicioso do cansaço entre os aliados ocidentais com um conflito que já dura quase dois anos, no momento em que grande parte da atenção mundial está voltada para a guerra entre Israel e Hamas.
A Ucrânia é muito dependente do fornecimento de armas e munições americanas e europeias. O país está preocupado com o debate em vários países aliados sobre a conveniência de manter, ou reduzir, o apoio econômico e militar.
O conflito no Oriente Médio já provocou uma desaceleração nas entregas de equipamentos à Ucrânia, revelou o presidente Volodimir Zelensky na quinta-feira a um pequeno grupo de meios de comunicação, incluindo a AFP. "Nossos suprimentos diminuíram", disse.
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, advertiu esta semana que a União Europeia não terá a capacidade de entregar um milhão de munições à Ucrânia antes da primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), ao contrário da promessa feita.
O Kremlin afirma que reorientou a economia russa para a produção de armas e munições. O país recrutou quase 400.000 soldados adicionais desde o início do ano.